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“ANOMALISA”

Anomalisa

Anomalisa

Sério concorrente ao Oscar de Melhor Animação, não se sabe o que mais impressiona. Se o realizador Charlie Kaufman (em parceria com Duke Johnson), brilhante roteirista dos inimitáveis “Quero ser John Malkovich”, “Adaptação” e “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Ou se o estranhamento imediato com os personagens travestidos de bonecos com feições quase idênticas ao ser humano, a despeito de atarracados e de máscaras atarraxadas com seu próprio rosto, com todos falando no mesmo tom de voz, a intuir uma sociedade robotizada com desenhos de poucas expressões, sem haver espaço para vilões ou marginais. Criaturas concebidas para refletir pessoas comuns imersas num cotidiano absolutamente banal e sem um sentido maior, para nos levar a pensar que, na verdade, somos um só com pequenas expectativas, mas com grandes decepções. Incapazes de perceber algo além da banalidade do cotidiano, o que acaba por nos esmagar, senão nos fulminar. Ao nos sentirmos estranhos no mundo (ou no ninho?), e mais, sentir todos estranhos à nossa volta, revestidos de uma impessoalidade bem formatada e padronizada – são os primeiros 20 minutos do filme. Um mundo congestionado e superpovoado de anomalias – a tônica do filme -, enquanto a Humanidade insiste num padrão de normalidade que não consegue encontrar. Até surgir em cena Lisa – para formar a aglutinação Anomalisa -, sem se relacionar há 8 anos e se julgando uma feiosa deformada (sem razão), para compor um casal com ele, que não entende o porquê de todas as mulheres de quem se aproxima o largarem sem mais nem menos, deixando o espectador preocupado e apreensivo com as juras de amor eterno trocadas entre ambos, por não mais distinguir a ficção da realidade dos bonecos. De mais a inteligência do filme e de Kaufman, em ambiente pouco otimista para deixar a plateia desconfortável diante do painel exibido num filme que era para ser de animação. Vale a pena ver de novo até para melhor se familiarizar com o bizarro mundo repleto de anomalisas, que negamos associar ao nosso por nos julgarmos mais esclarecidos, evoluídos e analisados.

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Antonio Carlos Gaio
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