É PRECISO SER MANDRAKE
13 de março de 2000
O nosso presidente confessa ser um
desastre. Um ator frustrado. Não como presidente da República, e sim por não
aceitar o convite de Glauber Rocha para aparecer apenas de cuecas em um de seus
filmes, o que o poupou de constrangimentos futuros.
É preciso ser Mandrake, nome fictício de
um empresário que comanda uma quadrilha de 47 mauricinhos que têm a audácia de
assaltar residências de políticos (Marcello Alencar, Moreira Franco, Saturnino
Braga, Albano Reis), cantores (Dionne Warwick) e do todo-poderoso ACM, cujo
cofre, que continha jóias e uma chave da cidade cravejada de diamantes, foi
levado. O último cofre surrupiado de que se tem notícia foi o de Adhemar de
Barros, considerado um confisco por parte da esquerda em luta armada contra a
ditadura.
Ronald Levinsohn, Ângelo Calmon de Sá e
Marcos Magalhães Pinto mantiveram suas fortunas e viverão sempre à sombra, como
que incógnitos, receando a face oculta do povo, que quando acusa, não respeita
eira nem beira.
Com cara de argentino, o jogador de pólo
Ricardo Mansur quebrou ao controlar as redes Mesbla e Mappin. Decretada sua
prisão por dever mais de US$ 1 bilhão, ficou deprimido, “prisão é para bandido,
não matei ninguém”. Os médicos o aconselharam a descansar em Londres e ele
promete dar a volta por cima, imitando Mandela - 25 anos preso.
Murillão é o assessor do Senado que foi
preso por torturar a empregada, ajudado pela ex-mulher. Importou do Piauí a
escrava sexual e inseria esferas metálicas quentes no objeto de desejo, a última
palavra do arsenal sadomasoquista. Apesar de Mário Covas, seu patrão anterior,
nunca ter visto chicotes no seu gabinete. Não obstante o Senado ser pródigo em
pervertidos sexuais. Quem não se lembra de José Carlos Alves dos Santos que,
além de desviar verbas do orçamento, assassinou a própria mulher? Hoje, solto e
convertido, dedica-se à missão de nos fazer esquecer as orgias promovidas às
custas do contribuinte.
Nessa hora, pode-se ouvir um conselho de
mãe para o filho, de olho no marido que estava exagerando em pular a cerca: “O
exemplo vem de cima, meu filho!”. Estripulias de Edmundo, Romário, Felipe,
Marcelinho, Edilson e Júnior Baiano nos fazem perder a calma, abandonar uma
falsa neutralidade e nos encher de amor e ódio para torcer, seja quais forem as
cores.
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