MONEY
MAKES THE WORLD GO ROUND
18 de
setembro
de 2000
Só em inglês é que se pode entender melhor porque o
globo gira, o mundo caminha e a gravidade da força que
nos permitiu andar sobre duas patas e deixar de ser
amorfo e nunca tomar partido em nada.
Charles Darwin foi o primeiro ser humano que lançou uma
bomba por sobre as nossas cabeças, antes mesmo de ter
sido inventada. Ao afirmar que evoluímos de macacos, em
vez de termos sidos criados à imagem e semelhança de
Deus. Ao correr das eras, obedecendo ao princípio da
seleção natural.
Pastores e fiéis mal sabiam, em seus veementes
protestos, que o dinheiro seria a mola propulsora da
seleção natural entre os homens que sabem crescer e se
desenvolver com o vil metal e aqueles que põem tudo a
perder. Através de um caráter injusto e cruel, o mundo
sob a forma de maçã dividiu-se em quatro bandas: o
self-made man, o falido rico que transforma em pó
seu patrimônio, o pobre que labuta a vida inteira e
consegue construir sua casa, e aquele que desperdiça
todas as chances que lhe aparecem por nunca se
encontrarem à sua altura.
Foi Keynes quem inventou a primeira corrente de
felicidade, consagrando o princípio de o dinheiro
circular ao máximo, apostando numa economia que, se
garantido o emprego, todos alcançarão o bem-estar e as
classes sociais brigarão menos entre si. E o mundo
continuaria a girar, nos eixos, porque a vida segue em
frente, precisamos cada vez mais de trabalhar para
viver, a receita da felicidade dentro de uma família
globalizada.
Sidneya de Jesus fazia das tripas o coração para que a
temporada de um bandido na cadeia não equivalesse a uma
clínica de relaxamento. Era uma mulher recatada que
tinha sob seu comando os mais perigosos traficantes e
seqüestradores do Rio de Janeiro. Com o salário de 1.150
reais por mês e sem sombra de mácula, administrava o
presídio de segurança máxima Bangu 1, disposta a encarar
a teia de corrupção que permite aos bandidos uma série
de privilégios, dentre eles o de continuar comandando
seus negócios atrás das grades. Mexeu em casa de
marimbondo quando proibiu o uso de celular por parte de
detentos, agentes penitenciários e advogados dos
facínoras, sendo assassinada a sangue-frio, quando
instalou escutas nas salas do parlatório.
O celular, o ícone da globalização, substituiu a menina
dos olhos de ouro da Marinha, o famoso submarino. Se
tornou tão fácil construir um hoje que os
narcotraficantes colombianos, associados à máfia russa,
já se preparavam para estourar uma garrafa de champanhe
no casco e realizar sua primeira partida de 20
toneladas, conduzida por uma tripulação de apenas 4
pessoas, quando foram pegos com a mão na botija. Tão
mais fácil negociar boca a boca com o falido governo
russo, dono de uma admirável frota submersa, posta em
liqüidação por conta de uma guerra fria que ruiu,
arruinou e homogeneizou o planeta no tom pastel, com
caras e boca ávidas pelos 15 minutos de fama.
Todavia, quem semeia, colhe. A produção de alimentos
bateu no teto a despeito de apocalípticos e malthusianos
economistas que só enxergam o negrume que paira no ar,
embalados na modorra burocrática da descrença. Coitados,
ainda não foram apresentados ao carioca De Rose, dono da
mais bem-sucedida rede de academias de yôga do
Brasil - 8 mil alunos que pagam 250 reais de
mensalidade. O yôga de De Rose faz a diferença,
pratica o sexo tântrico, desprezado entre os praticantes
da ioga. Concentra-se no hiperorgasmo, sexo bom é aquele
que demora séculos para chegar ao clímax. Retardar, ao
máximo, o êxtase, produz uma sensação maravilhosa e
indescritível, induzindo o aficionado a fazer mais e
mais sexo, e casar-se entre si.
Reconforta haver nos descaminhos da globalização a
possibilidade de comungar com irmãos que se encontram em
nível mais evoluído e que colocam seu esforço e
progresso a serviço da comunidade. |