Quando o presidente da república
declara que, se o cientista não conseguir fazer uma grande descoberta e
se tornar famoso, a única saída é ser professor, dar aula a vida
inteira, repetindo o que os outros fazem - aquela angústia! -, na linha
do “se não tiver competência para fazer o que deseja, vá ensinar!”, na
contramão de que pesquisa evita um ensino livresco e repetitivo porque
testado em sala de aula, é sinal de que.
Para ser PhD em Princeton só sendo
jovem e brilhante, segundo o presidente que por lá deu aulas como
professor-visitante em 1975, permanecendo até hoje atormentado com o
envelhecer em função do que aprendeu: ao ingressar numa fase da vida em
que você sabe muito, domina uma ampla faixa de conhecimentos, você não
cria, fica com medo de criar. E engrossa uma classe especial de
privilegiados: os professores. Babar na gravata todo mundo baba, não é
fácil tomar sopa sem respingar na camisa, como amadurecer sem virar um
velho babão e aposentado vagabundo é sinal de que.
Quando a incúria do apagão rufa os
tambores de guerra para as próximas eleições e cala a nossa energia
quando se estende ao painel eletrônico do Congresso - chancela da
democracia recém-estuprada ao custo de cassação de senadores -, para não
expor publicamente os parlamentares responsáveis pelo banimento de
conquistas trabalhistas, constantes de projeto encabeçado pelo ministro
do Trabalho, o Dornelles de Vargas, em nome de uma economia que quer
empregar, e muito, pro bem do Brasil, é sinal de que Getúlio ainda paira
entre nós.
É sinal de que é final de governo e
início de outro. O último grupo de talibãs no norte do Afeganistão
desfez-se, centenas desertaram através da estepe mais próxima, alguns
foram resgatados de avião pelos paquistaneses na calada da noite, outros
renderam-se, enquanto o mulá Abdullah assistia ao desfile da vitória em
Kunduz um dia depois de capitular, deixando para trás vários mistérios e
aguardando ordens para começar a matar talibãs.
É sinal de que, sejam quais forem as
idéias que pululam nos miolos da plebe que elegerão o próximo nobre
presidente, a capacidade de compreensão do povo é muito limitada, porém,
em compensação, a capacidade de esquecer é grande. Daí, a propaganda
dever se restringir a poucos pontos, valorizados como estribilhos, até
que o último cidadão consiga saber exatamente o que representa esse
estribilho. Palavras de Hitler em “Mein Kampf”, o Alcorão da fé e da
guerra assim sacramentado por Churchill, num século cujo símbolo
predominante viria a ser a entropia de merchandising nas campanhas
políticas, incisivo nas presidenciais, colocando em xeque a capacidade
de discernir e o grau de informação do eleitor.