MIDIÁTICOS
01 de Setembro de 2003
Gerald Thomas reclama de cafonas não
entenderem o que se passa pela cabeça de Freud ao
insistir em analisar Wagner. Cheirando cocaína no palco
enquanto a mulher de Thomas, a atriz Fabiana
Guglielmetti, se masturba insatisfeita com a pieguice do
amor de Tristão e Isolda, que não trepam nem saem de
cima do público durante cinco horas.
Diante de tantos gênios reunidos, Gerald, o midiático, resolveu
arriar as calças e dar a sua contribuição para a cultura
cabocla, exibindo uma bunda branquela, ossuda e com
espinhas típicas de um adolescente - uma vestal a
serviço da arte. Não agradou à platéia wagneriana que,
como todo bom anti-semita, persegue homossexuais à
noite, para, de dia, aproveitar a política de juros
estratosféricos de Lula e ficar na vanguarda dos
acontecimentos.
Outra discriminação astuciosa é
a sofrida pela Preta Gil, nua em pêlo na capa de seu
primeiro CD. Acusada de pôr em contraste suas banhas com
a finura de seu pai cantor e ministro - um faquir a
serviço da cultura.
Por que o culto à estética da magreza, se o povão clama por
carne, apertar as pelancas, osso duro é vida pra
cachorro, o negócio é comer churrasco - uma metáfora ao
gosto do presidente. Fala sério, discriminação pra valer
era a do apartheid, das reservas indígenas, da
interdição à mulher de ser o cabeça do casal.
A nudez exacerba a discriminação, ao restringir o talento às
partes pudendas, se divinas e maravilhosas. Agora, se
não cair no gosto da patuléia, arquive-se o corpo na
geladeira, enquanto mocréias e zarolhos se interrogam: o
que será que essa gente tem na cabeça?
Estratégia demais bolina a discriminação.