SÍNDROME XIFÓPAGA
05 de Maio de 2003
FHC foi eleito para privatizar o país
drenando os recursos do Tesouro em função do pagamento de juros da dívida
externa, que só fez crescer e inchar para não deixar dúvidas de que nossa
economia merecia integrar a lista das 10 mais. A empáfia vigente acreditava
que o ingresso dos dólares iria internacionalizar o Brasil e seus efeitos
distribuídos ao povo em nível de emprego. A estabilização da moeda alcançada
artificialmente ocasionou um crescimento abaixo da crítica que limitou os
investimentos necessários para manter a população empregada, deteriorando o
padrão de sobrevivência de 50 milhões de brasileiros em quase 10 anos.
Lula foi eleito para humanizar o modelo
neoliberal e torná-lo menos economicista. Ao freqüentar os salões do
poder, notou-se uma reverência estarrecedora do presidente-operário ao
Senhor Mercado, no frisson da queda do dólar e do risco-Brasil diante
dos profetas do caos, a ponto de provocar reclamações dos tucanos quanto
a não sobrar espaço para fazerem oposição, e de serem usados como massa
de manobra para passar as reformas. Reformas que, com a credibilidade
conquistada, garantirão mais empréstimos do exterior diminuídos os
rombos fiscais, segundo a prescrição médica do FMI, aperfeiçoando o
estilo maquiavélico de FHC fazer política.
Lula invoca John Kennedy ao pedir que petistas
pensem no país, embora cada um tenha o direito de falar as bobagens que
quiser; usem a massa cinzenta, porque o fracasso os afastará do poder no
mínimo 50 anos; contenham sua atração por holofotes, fora do PT não há
vida inteligente através da imprensa; e homenageou a mulher na figura da
reincidente Luciana Genro, ao prever problemas dentro de casa com o pai
Tarso. Paternalizando, ao melhor estilo de Getúlio Vargas, eximiu-se de
não poder dar aos filhos brasileiros o presente que gostaria no momento.
Lulinha paz e amor resultou em ser governo e ser
oposição, a síndrome xifópaga que está reproduzindo o grande cisma da
Revolução Comunista entre stalinistas, na defesa da ditadura do
proletariado, e trotskistas, por uma maior liberdade dentro do Partido.
A mesma divisão, entre petistas a favor da unidade, enfeixados para
manter o poder contra os tubarões, e radicais xiitas, na fidelidade
extrema ao trabalhador.
No repúdio ao petecanato, no abuso de metáforas
futebolísticas que só resultam em botinadas da equipe presidencial,
evidenciando pernas-de-pau em indecentes barrigas sem saber para que
lado jogar. E em fraturas.