DOCE INATIVIDADE
12 de Maio de 2003
Imagine depender de aposentado para
incrementar o PIB, a título de sanear as finanças públicas sob imposição do
FMI! Típico de economistas que abusam da eugenia para homogeneizar economias
com o neoliberalismo démodé, ao demonstrar-se insensível com o ser
humano. Baseado na política de caixa de botequim de cobrir o rombo
previdenciário com confisco de pensionistas, basta aumentar o preço da
cerveja, nunca da cachaça.
Quando Getúlio Vargas criou o sistema de
seguridade social, confundia-se previdência com saúde, as pensões eram
magras e com o desenvolvimentismo de JK os militares sangraram os
inúmeros institutos previdenciários a pretexto de financiar obras
gigantescas de infra-estrutura. Nem ao menos se capitalizava o montante
desviado, o que em qualquer banco de quinta categoria garantiria uma
renda mensal por outros 35 anos, superior ao salário da ativa. Mas isso
são águas passadas.
A poupança nacional será engordada às custas de
médicos, professores e concursados públicos, fechando o ciclo de
presidentes jogarem a sociedade contra os antigos barnabés, desde que
Collor iniciou a malhação do Judas. O que aumentará mais ainda a
lucratividade dos banqueiros, sem a garantia do sistema financeiro
honrar esses compromissos na terceira idade do servidor público.
Terceirizando uma questão social que não cabe em
homens de passado recente em que deblateravam contra o modelo econômico,
tão-somente porque passaram a avaliar as ações do Governo mais em função
da realidade encontrada do que em razão dos grandes sonhos que tiveram.
Que perversidade e falta de consciência cívica,
exclamavam os atuais detentores do poder quando desemplumavam os
tucanos. Só quem está no Poder pode avaliar as ingerências da
macro-economia no bolso do pobre, cessa tudo quando a musa canta, sob o
pretexto dos interesses maiores que a Nação exige. Agora se reservam ao
direito de pensarem em monobloco com tropa de choque para pendurar a
conta no inativo, que já cumpriu com o seu dever e não é o pai da
criança desse saco sem fundo.
Seria mais honesto reconhecer que a taxação dos
inativos é necessária para pôr um termo no estado de guerra civil e
insegurança que campeia no país. A título de contribuição, enquanto a
fome não deslancha da nota zero, ao menos para não causar a má impressão
costumeira que o Brasil é dirigido com olho nos seus investidores. Mas
isso já seria outra promessa de campanha.
Pura inveja do ócio do inativo, confundem-no com
ineficaz e vagabundo.