O ROMBO
23 de Junho de 2003
Nos livramos do cinismo, da sensação que
estavam passando vaselina e do ar professoral do governo anterior,
para embarcar no atual, pleno de contradições que fariam corar o
mais bêbado dos sapos barbudos.
A promover a luta de classes confrontando
cortador de cana e professor universitário, jogando o povo contra o
servidor público, enquanto demonstra medo de mexer no ninho de
cobras legado dos tucanos no manejo virginal da taxa de juros e na
subserviência aos padrões macroeconômicos capitalistas que
emporcalham a democracia. Lança pedras no telhado de vidro do
Judiciário, ao passo que negocia a ampliação da base de apoio ao
governo, evitando ferir suscetibilidades de congressistas na caça a
sonegadores e devedores da Previdência, decretando ser incobrável a
dívida.
O que torna o rombo um termo tão constrangedor
quanto os conselhos de Lula a respeito de comer cru. Se apressado.
Como também o de ter engravidado sua esposa logo no primeiro dia do
casamento - porque pernambucano não deixa por menos -, e esperar o
filho nascer, para justificar o governo que ainda não começou.
Como se diante de tanta máscula energia pudesse
aguardar a lua-de-mel. Se debaixo dos panos, a verdade é outra. Se
na tertúlia com o eleitorado se autoproclamou lulinha paz e amor.
Favorável ao amor livre, para atrair a quem esperava. Pois sempre
alcançam. Desde que, olho no olho, a atração não vire traição.