SINUCA DE
BICO
25 de Agosto de 2003
Precisou morrer um brasileiro para
descobrir que os EUA criaram um novo monstro. O exemplo
do Vietnã não foi suficiente. Pior, atacam à luz do sol
em plena área desértica oleodutos e sistemas de
distribuição de água para impedir que a normalização do
abastecimento seja considerada uma vitória americana.
Obrigando-os a se retirarem cada vez mais para trás das
barricadas e desconfiarem de qualquer cristo que se
aproxime. A morte dos filhos de Saddam serviu de
pretexto para carros-bomba e extremistas árabes
enraivecidos libertarem o paraíso do petróleo de garras
saqueadoras.
Deixando os EUA numa sinuca de bico: enviar mais americanos
para morrer no Iraque ou propiciar à ONU que envie
reforços de outros países. Abrindo mão de contratos
polpudos para reconstruir o Iraque e perdendo a primazia
sobre o seu petróleo.
Vieira de Mello tinha nome de
jesuíta. Veio ao mundo com a missão de pôr em prática a
paz. Com flexibilidade e criatividade. Com a perspicácia
de encontrar um ângulo que outros não acharam. Não
morreu em vão, portanto, deixou-nos um caminho por ser
desbastado. Melhor, um legado.
Mas como todo idealista, não soube se proteger. A essência da
chama da ONU. Como justificar o que os caubóis
americanos tinham feito sem a sua participação? A frente
única muçulmana agora está diante de seu real inimigo -
Israel é virtual -, que pôs os pés em seu solo sagrado
atraído pelo imã do atentado de 11 de setembro. A
armadilha funcionou.
Briga de cachorro grande, as Cruzadas sempre foram o maior
espetáculo da Terra. Hitler bem que tentou, mas não
conseguiu. 680 quilos ceifaram a vida de Vieira de
Mello, que acreditava em Deus ser brasileiro. O
livre-arbítrio demonstra a nossa incompetência para
lidar com questões de guerra e paz. Breve rogaremos aos
Céus uma reunião de cúpula entre o Deus cristão e Alá,
com o Deus brasileiro de mediador. Assistido pelo
espírito de Vieira de Mello.