COMPLEXO DE
INFERIORIDADE
30 de Junho de 2003
O ideal é não parar de estudar, seja a que
título for, cursos, extensão, especialização, computação, línguas,
religião, alternando por entre saberes paralelos, seja qual for a
idade. Senão embrutecemos, mais do que emburrecemos. Passamos a
cultivar ódio pelas coisas do intelecto estigmatizando professores
como classe privilegiada, ao calarmos diante dos lucros astronômicos
dos bancos, da vagabundagem de agiotas e especuladores financeiros
que apostam nos juros altos.
Voltar pro banco das escolas, longe de ser humilhante, redime a
santa ignorância de que viemos revestidos de vidas passadas.
Desenvolve o espírito crítico, a ponto de distinguir o contexto
injusto em que cortadores de cana e carvoeiros são explorados, do
professor, que, por possuir cultura, é um privilegiado numa terra
subdesenvolvida onde a ascensão social se processa a conta-gotas.
Não havendo porque descarregar suas baterias contra o saber
institucionalizado, acoitando-se no discurso diversionista dos
marajás de Collor. Os verdadeiros agentes da desigual distribuição
de renda se acotovelam do lado do poder na defesa de seus interesses
corporativistas. Tamanha ira revela complexo de inferioridade.
Acumulada. Contra o escravagismo e exploração.
Escolher o real inimigo revelará o seu verdadeiro saber, a
cultura política que originou e cimentou seu caminho. Sob o risco de
voltarmos ao estágio de que todo escritor é vagabundo, tem mais é
que cortar cana.