É COR DE ROSA-CHOQUE
30 de Junho de 2003
A governadora Rosinha Garotinho
abrilhanta a temporada teatral com a paródia tupiniquim de Hillary
Clinton, ao investir seu marido como xerife do Rio de Janeiro. Cargo
para o qual não foi eleito, mas que o recomenda para falar em nome
dela perante o Estado, face à gravidade da questão segurança ter
assumido uma proporção que supera até a Fome Zero.
Garotinho, por ser garotinho, não esconde a sua iniciativa de
anunciar a Tolerância Zero como autêntico samurai. Às suas costas, a
governadora eleita, titular do cargo, mãe de seus filhos, esposa,
subserviente, prestando um desserviço à causa da mulher.
Recaem sobre o eleitorado acusações graves de estelionato
eleitoral. Ora de FHC, ora de Lula, ora a dupla caipira que inverte
homem e mulher para que prevaleça o cabeça do casal, o pastor no
comando dos seus fiéis, a religião usada como meio de amansar
corações, na mais pura tradição das famílias brasileiras. Célula de
uma ética que retarda o avanço da mulher, conspurca suas conquistas,
ao consentir ser usada como fantoche para que Garotinho governe de
fato, não de direito. Para dar continuidade a
seu projeto de poder, compensando o desperdício dessa ilustre
inteligência no exercício da Presidência da República.
Acorda, Garotinho! Campos, a terra da goiabada cascão e do
chuvisco, evoluiu para o petróleo. O eleitorado não o elegeu para se
promiscuir com a declaração novelesca de Rosinha: “Estou trazendo
para o governo o que eu tenho de mais importante na minha vida, o
meu marido!”.