JOGUEM AOS LEÕES
01 de Março de 2004
Um passeio pelo exercício do poder.
Surgiu o quarto deputado que explora o trabalho escravo em suas
fazendas, nas quais o peão dorme em senzalas, alojamentos que
equivalem a pardieiros sem condições de higiene, onde a imundície
principia nos gastos anotados num caderninho pelo gato, o capataz.
Jamais a conta fecha, refeições, remédios, pilhas, cigarros, superam
o que tem a receber, noves fora o combinado no acordo verbal, um
valor sempre meses menor que o coloca na situação de devedor. Há que
continuar suando, derrubando mata, erguendo cercas e furando poços.
Se for necessário, até força física e armas são usadas para mantê-lo
no serviço.
Só não é pior do que na África do Sul, como
revival do apartheid. Shisane foi amarrado, a mando do patrão
branco, por três irmãos de raça, que o atiraram numa reserva de
animais selvagens. O espetáculo não demorou por começar, logo um
leão saiu de trás da moita e o arrastou para ser devorado, deixando
como prova do crime o crânio e uma perna.
O passado militar de Bush posto sob suspeita, agora que se
configura o favoritismo da candidatura de John Kerry pelo Partido
Democrata. Fundamental ser um herói da Guerra do Vietnã, numa época
em que a segurança do cidadão americano se tornou prioridade número
um. Abalando o “presidente da guerra”, que fugiu ao combate contra
os vietcongues, buscando refúgio na Guarda Nacional, expediente
usado pelos filhos de elite para ficarem quites com o serviço
militar. Foi a única fila em que Bush aceitou de bom grado ser o
último, tão para trás que ninguém se lembra sequer de tê-lo visto
nos exercícios de treinamento.
No auge do estrelato e da maturidade artística, Jack Nicholson
inicia sua retirada do exercício de poder como homem ao expor que a
vida é mais simples quando se é solteiro, sai das festas na hora que
quiser. Não dá mais para ficar por aí babando em cima das
garotinhas. Se ao menos pudesse fazê-las entrar pela porta dos
fundos de sua casa, enroladas num cobertor, aí já seria outra
história. Considera que o Viagra poderia salvar muitos casamentos.
Bastava duas vezes por mês o cara se jogar em cima da mulher, mesmo
sem vontade, que a pílula azul faria o serviço.