PODE ACONTECER
06 de Setembro de 2004
O brasileiro aprendeu a votar. Finalmente.
Atingiu um estágio de amadurecimento político que cicatrizou a
ferida aberta com a eleição de Collor e a declaração de inocência
perpetrada pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas pode acontecer... de eleger Rosinha e ela terminar o
mandato com anemia, saudosa da vida em família com seus nove filhos
num condomínio a salvo desses perigosos traficantes.
Pode acontecer... de eleger um prefeito
afro-brasileiro numa cidade que duvidávamos que isso pudesse
acontecer, que aprendeu tão bem a lição com seu preceptor que saiu
pela porta dos fundos, pendurado em escândalos, envergonhando a raça
pela oportunidade perdida.
Pode acontecer... de eleger presidente que se valeu de
furibunda oposição e esqueceu de romper com uma política econômica
que não prioriza o emprego de jovens, que se descaminham com
facilidade, além de não dar trégua ao verdadeiro inimigo: a
especulação. Duas fontes de incentivo à criminalidade.
Pode acontecer... de ACM apresentar um projeto de lei que
autoriza a quebra automática do sigilo bancário, fiscal e telefônico
dos parlamentares integrantes de CPI’s. Escaldado pela renúncia para
evitar a cassação no mandato anterior, o senador põe em dúvida a
integridade do Congresso eleito.
Pode acontecer... do governador de Nova Jersey renunciar ao
restante do mandato por ser hora de se olhar no espelho e perceber
uma sensação que o separava dos outros, uma ambigüidade que o
deixava confuso desde menino. Anunciou que teve um caso
extraconjugal com um homem, sendo casado e pai de duas filhas,
afetando sua capacidade de governar.
O que não precisava acontecer era Mr. McGreevey confessar que
trabalhou duro para se assegurar de que seria aceito como parte da
tradicional família americana, e se descobrir um gay.