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O AMARELO NAS OLIMPÍADAS
06 de Setembro de 2004

“Ninguém é livre se não domina a si mesmo.” Veio de Atenas o conceito de amarelar. Dos Jogos Olímpicos. Cair do cavalo, se matar na prova e morrer de cansaço. Ou então amarelar, sair de fininho e, arrasado, ter pesadelos quando chegar em casa.

Peguemos a contramão dos vitoriosos olímpicos que se tornam deuses e do ufanismo, que fica por conta de quem deseja comemorar e precisa de um motivo para beber mais cerveja. Com tão poucas medalhas, o melhor a se fazer é se embarafustar no labirinto do amarelo, mergulhar no âmago das derrotas, para que, no futuro, o amarelo do amarelar se transforme em ouro.

Começamos a amarelar antes que Atenas viesse, eliminados da classificação pelo cavalo paraguaio e perdendo mais uma chance pro ouro do futebol, quando Robinho baixou o calção de Diego na concentração, na famosa brincadeira de conferir quem tinha o bilau maior. Um confronto com os portenhos depois do pau na Copa América seria o máximo.

A amarelada número um teve até TPM e uma inconsistência virginal para fechar a partida, depois das meninas do vôlei desperdiçarem incontáveis chances, com a maior pontuadora do jogo só pondo bola fora nos pontos decisivos. Mari, o iceberg, cuja emoção carece de ser trabalhada pelo czar-psicólogo Karpol, técnico da Rússia desde 1979. Não havia desvantagem que desanimasse as russas, exibindo um voleibol arcaico com apenas Gamova e Sokolova atacando... mas sem se descontrolarem, apesar dos sucessivos esporros de Karpol.

Por incrível que pareça, a amarelada número dois vai para o iatismo, um esporte que nos dá tantas alegrias. No windsurfe - estranhamente chamado de Mistral. Uma categoria viajante e alternativa, que não combina com o espírito estrategista obrigatório no esporte da vela. Podendo abiscoitar qualquer medalha se chegasse até 15º lugar na última regata, Bimba foi 17º dentre 34 competidores e uma mãe para Israel, que conquistou seu primeiro ouro na história dos Jogos.

Quanto a Daiane dos Santos, confessou-se sentir inconfortável com a fama, em ser exemplo para inúmeras crianças, com a cobrança, a obrigação de ter cabeça boa para chegar nas Olimpíadas e representar o Brasil. O Brasil de gente afogueada e carente que não entende por que o Jadel do salto tríplice, de 2,02 m e 101 kg, só agora chegou à conclusão de que precisa emagrecer para melhorar a marca. Por que, entre os pesados Honorato e Edinanci, a derrota escreveu suas mal-traçadas linhas na falta de combatividade? Logo no judô? Pior do que isso foi o corredor Redelen dos Santos se contundir no aquecimento e sequer aparecer no start de largada.

Só quem não amarelou foi Bernardinho, o herói do Brasil nas Olimpíadas, à frente do maravilhoso conjunto de vôlei que nos fez chorar aos acordes do Hino Nacional. Glória roubada ao apagar das luzes por Vanderlei Cordeiro de Lima na prova da maratona, ainda mais por ter sido disputada em Atenas. Um bronze que valeu como ouro e fez o ex-bóia-fria ingressar na galeria dos heróis olímpicos, depois de se livrar de um abraço de amigo-urso de um fanático irlandês que o arrancou da pista por vários segundos.

 
Antonio Carlos Gaio
 
 

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