11º MANDAMENTO
12 de Abril de 2004
O clamor público perante o mundo
transbordar de pecados e a maior criatividade dos infiéis reduz Sodoma e
Gomorra a um baile de carnaval. Diante da banalização da infidelidade
conjugal, o perjúrio é um tiro n’água. O que incentivou a Igreja Metodista
Britânica a instituir um concurso para escolha do 11º mandamento, com o
intuito de atrair o jovem e a turma que vacila no espiritual.
Para quem começou o século XXI com Osama na cabeça, não é de se
estranhar que a escolha tenha recaído em “Não serás pessimista”,
seguido de “Não matarás em nome de Deus”. Havia que se preservar no
decálogo um espaço para os roqueiros: “Não adorarás falsos ídolos
pop”. A última novidade nas moléstias, a obesidade, foi contemplada:
“Não consumirás o equivalente a seu peso em balas”. Ganhou
visibilidade um drama que começa a nos assustar: “Não mudarás de
time caso o seu caia para a Segunda Divisão”.
Constantemente acusada da falta de senso de
humor e de determinar como o fiel deve pensar e agir, a Igreja fez a
opção pelo pop, pela cultura de massa, sem se importar se batem o
ponto nos cultos dominicais. Os autores dos mandamentos finalistas
foram premiados com telefones celulares de última geração.
Enquanto no Brasil, acusados de sermos um povo simplório que se
fascina em torno da pieguice do Big Brother e minimiza o incitamento
à disputa entre classes sociais, graças à cordialidade inerente às
nossas raízes, a doce e desconhecida Ariel faz questão de distribuir
ovos de Páscoa para familiares, amigos, a todos com quem se
relaciona e tem contato. Numa manifestação singela de amor e carinho
infundida pela tradição do coelhinho. O padre Marcelo está no
caminho certo.