O PESO DE UM NOME
12 de Julho de 2004
Pensávamos que o casamento ia deixá-la
feliz, já que quem padece de anemia é a Rosinha. Mas sua imagem
começa a ser associada a bate-bocas, ao quase sair no braço com uma
eleitora por conta de enchentes que encheram o saco do paulistano.
Desafia qualquer um a ser prefeito e resolver o problema do
transporte urbano em repto lançado na TV, desqualificando questões
levantadas por colunistas políticos tucanos. Menosprezando um
pensamento hegemônico que tira sarro da abjuração do discurso e
princípios petistas em revanche à lavagem cerebral sugerida por FHC
em relação a tudo que escreveu como sociólogo - todos irmanados para
bem governar o Brasil e coesos com o pensamento único da política
econômica.
Se antes já a acusavam de não ter a cara do PT, se somou agora
a arrogância, reforçada pelos traços duros que sua fisionomia
incorporou, perdendo o viço da beleza que irradiou por ocasião da
oficialização de sua união com Favre. Um casamento para ninguém
botar defeito e de fechar o comércio. Para funcionar como uma pá de
cal nos muitos anos de convivência com Eduardo Suplicy, o cidadão
mais politicamente correto do país. Um casamento e separação que
transpiram felicidade e constrangimento, cujo carinho da senadora
Heloísa Helena, embora transbordante, não alivia a cabeça-inchada.
Irrita-se com o disse-me-disse de ganhar a
Embaixada da França como compensação de uma eventual derrota na
campanha para reeleger-se prefeita. Não consegue conter as lágrimas
diante das câmeras, ao não assimilar a dor de ser questionada por
continuar usando o sobrenome do ex-marido: “Se hoje eu tivesse uma
filha, diria para ela para não usar o sobrenome do marido. A gente
constrói a vida profissional com o nome de casada e depois, se há
separação, não tem como tirar. Vivi mais tempo com este nome do que
com o de solteira. Durante a inauguração de obras públicas, quando
vejo Marta Suplicy nas placas, acho injusto. Falta o sobrenome do
meu pai".
Na arena política, quem iria se interessar a quantas anda o
casamento da ex-aeromoça Alexandra com o governador do Maranhão?
Embora ela o tenha feito dançar nas suas asas, enfeitiçando José
Reinaldo e mandando no seu Estado. O que importa é que Alexandra, a
Grande, afastou o clã Sarney do comando político do Palácio dos
Leões. A quem interessa as conquistas amorosas do governador de
Pernambuco, afora aos garanhões da terceira idade, quando troca de
miss como se fosse de carro?
Não é de hoje que homens cuja barriga avança a idade fazem
questão de ter seu ego adulado por beldades, gatinhas e modelos,
bafejados por um simulacro do Complexo de Electra. Tão démodé quanto
grotesco, a pedir um Toulouse-Lautrec para retratá-los numa obra de
arte e fazer jus a serem pendurados na parede.
Como boa sexóloga que foi, Marta conhece do ramo. Sabe que no
mercado dos casamentos o que conta é a noiva. A platéia se reúne
para tricotar sobre o vestido, o bolo, a lua-de-mel, a origem do
consorte, os planos para o futuro. Em suma, sua felicidade e, sendo
política, se nos inclui.
Mas sem perder a ternura, companheira. Custou caro manter o
sobrenome ilustre, está pesando na balança. Imagine se Jean-Paul
Sartre e Simone de Beauvoir, tão ao gosto do casal, iriam cometer
esse erro.