CLIMA DE TRINCHEIRA
14 de Junho de 2004
Engana-se quem julga o Rio de Janeiro como
o pólo da atração sexual, motivado pela garota de Ipanema, fio dental,
obsessão no bronzear-se, de mandar na lata o desejo, e na prostituição mal
disfarçada ao longo da orla.
É o que se pode depreender do “Estudo da Vida Sexual do
Brasileiro” efetuado pela psiquiatra Carmita Abdo dentre 7 mil
entrevistados. E aí vem a surpresa. Com corpo malhado, sol e praia,
a mulher carioca é a que menos ajoelha para rezar e a que mais
costura para fora. Preconceito por preconceito, Renato Gaúcho
discorda, cansado de meter gols no adversário e de apagar o fogo de
narizinhos empinados. Ele só não gosta de levar bola nas costas.
Entre os homens, os baianos são os que mais
traem e os pernambucanos levam a medalha de ouro no capítulo da
freqüência sexual. Provavelmente inspirados em figuras públicas de
renome que adoram se exibir trocando de miss ou modelo
periodicamente. Tendem a mentir em pesquisas do gênero para mostrar
serviço ou encobrir performances abaixo da expectativa. Teriam que
combinar com as mulheres cujas respostas apresentam discrepância,
refletindo recato, como as paranaenses que despontam como as mais
fiéis.
Ao contrário do que se pensa, travar relações sexuais em
porções módicas não significa inapetência e sim uma busca de maior
qualidade para alcançar o dia mais fértil às carícias, apertões, ao
entrelaçamento e à complementaridade. Onde o egoísmo se desfaz como
água. No panorama competitivo com que nos defrontamos, cresceu o
nível de exigência e foi jogada por terra a quebra de recordes, em
que o sexo é a melhor coisa da vida e deve ser feito todos os dias -
a reafirmação da performance masculina associada à certeza da mulher
em ser amada.
No capítulo da traição, leia-se que a carioca procura optar por
um parceiro à altura, preocupada com o seu bem-estar, de forma a que
o pretendente não ouse interferir em sua carreira, seus negócios, no
trabalho em que se desenvolve. Está disposta a desvincular, de uma
vez por todas, a imagem de mãe e mulher. Mãe do marido. E não quer
palpite sobre o assunto, e ainda o observa se ele ameaça interferir.
Como encontrar alguém que se encaixe nesse perfil, se
cara-metade virou peça de museu? Enquanto não encontra, vai ficando.
Isso não implica em orgia, poligamia, rotatividade, passar de mão em
mão, maria-maçaneta, docinho de coco (comida em todas as festas), o
conjunto da obra que ofende o espírito da mulher.
Em conseqüência, transa menos, meu Nordeste querido!