DUPLAS DO BARULHO
26 de Julho de 2004
Clinton e Hillary. Garotinho e Rosinha.
Dois casais midiáticos com completo domínio do “quem não se comunica
se trumbica” pavimentando a escalada rumo ao sucesso que o poder
confere. O futuro dirá, Garotinho presidente, ex-primeiro damo, e
Hillary presidenta, com Clinton de primeira-dama, entrementes o
efeito Darlene de Gilberto Braga prossegue baixando o santo.
O sexo oral com a estagiária Monica Lewinsky no Salão Oval da
Casa Branca não consegue engasgar Clinton. Propaga que recorreu à
terapia conjugal por se sentir dormindo na casa do cachorro para
salvar o casamento, quando Hillary ficou meses sem trocar figurinhas
com o garanhão de Arkansas. Confessa que não há desculpa para uma
indecência do nível que um presidente não pode se dar ao direito -
afinal, não se chama Kennedy. Entre o divórcio e abrir o verbo,
preferiu o livro de memórias “Minha Vida”, de 957 páginas, que lhe
renderá mais de US$ 10 milhões, na seqüência do best-seller “Vivendo
a História”, em que Hillary historia sua passagem pela Casa Branca.
De mesma valência, Garotinho reproduz o
percurso, sem o sexo para atrapalhar um crente, apesar de seus nove
filhos. Prefere o messianismo em “Virou o carro, virou a minha
vida”, quando relata o grave acidente de automóvel que o impediu de
vencer uma eleição. Inspirando Rosinha em “Que mulher é essa?”, uma
reflexão sobre a mulher virtuosa dos tempos bíblicos e sua aplicação
na sociedade moderna.
Ambos os casais apreciam fomentar a rivalidade entre capital e
interior, sulistas e nortistas no rescaldo da guerra civil
americana. Na queda da qualidade da Cidade Maravilhosa em favor da
República de Campos, em prol da desfusão e no apartheid de baixadas
e porciúnculas de cidades que almejam fugir à pecha de caipiras.
Como se pudesse dissociar asfalto de morro, samba de axé e torresmo
de grão-de-bico.
Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o
deixaria louco de raiva se acontecesse com você, diria o Barão de
Itararé. É o que falta ao quarteto que opera na política, movido
pela raiva para realçar o preconceito embutido na rivalidade
alimentada pelo charme discreto da burguesia. No natural elitismo
advindo da intelligentzia que aposta em suas cabeças privilegiadas
suplantando os menos dotados, baseada na lei da mais-valia do QI.
O QI está para gênio como a bunda para mulata, ninguém discute
se areia atrapalha quando o amor arde, daí os americanos preferirem
centrar no fracasso o âmago da questão. Se vencedores, somos
inteligentes, o primeiro milho é dos pintos - os preconceituosos -,
habemos Papa, cai no vazio contestar os reis que vão surgindo e
se impondo. Porquanto conseguiram se valer do preconceito para
faturar a maioria que elege.
Até a hora da maioria se aperceber que é massa de manobra.