BRANQUELOS E NEGRITOS
06 de Junho de 2005
Ronaldinho se declarou branco ao condenar
os ataques racistas nos estádios de futebol. O pai do jogador
considera o filho negro, apesar de tê-lo registrado como branco.
Quem descende de negro é afro para os americanos, mesmo que
seja branco. O brasileiro adota o conceito morfológico: nariz
batata, cabelo ruim, beiçola e a indefectível cor onde o sarará
torna impossível a classificação.
João Ubaldo
não endossa teses imperialistas nem preconceituosas que, por ter
nascido baiano, já é de cor. Bate o pé no chão, provém dos
portugueses, mas não garante o estrago feito por eles naquelas
índias nuas e gostosas que não saíam da praia e chupavam cana
debaixo do coqueiro.
Para Lula, é uma questão de semântica, prefere se ocupar em
combater CPI’s, fazer campanha no exterior e dissolver Severino em
nitrato, ao não conseguir explicar tamanha criatividade do seu
glorioso estado de Pernambuco em gerar dois fenômenos tão díspares.
Lembra Freud e Jung, Pelé e Coutinho, Jararaca e Ratinho.
FHC esfriou a contenda ao confessar que tem o pezinho lá, em
plena campanha em que subiu até em jegue. Com aquela cara de
Sorbonne ninguém acredita. Pelé também acompanha o cacique na opção,
mas só se casa com branca - cá entre nós, um puta preconceito.
Os argentinos adoram nos chamar de negritos chegados a umas
macaquices, ao acusarem o golpe de só levarem vareio de nós no
futebol, tomarem na tarraqueta no imperialismo do Mercosul, daí
possuírem os melhores psicanalistas para analisar o tango que
dançam.
Preta Gil está satisfeitíssima, com seus gatos arranhando
aquelas carnes. Gilberto Gil, o inventor do gênero
world music, um sucesso que percorre o mundo como cantor e
ministro. O que importa é que todos querem ser bonitos e alvos da
admiração da turma do gargarejo.
O preconceito vem sendo vencido pouco a pouco, as brancas se
cansaram de ser bucha de canhão dos seus homônimos de raça. Ao
reagirem, descobriram que muitos não dão no couro. Bastou sentir o
impacto e o gosto dos neguinhos para se arrependerem do tempo
perdido. Com os branquelos, o papo é outro, rola um dogma de não se
curvar à sensualidade daquele pedaço de mau caminho que dará uma
outra cor na fusão dos corpos. Um medo de ficar doidão e encaretar,
curtindo uma ninhada para segurar o facho de globelezas.
Irreversível, não adianta voltar no tempo, o estupro como
empuxo do regime colonialista miscigenou e formou nosso povo. Goza e
relaxa, que as festas de São João vêm aí, com novas quadrilhas.