UM LUGAR AO SOL
08 de Agosto de 2005
Ateeque Sharifi, uma das vítimas do
atentado de Londres. Afegão que fugira de seu país em 2002, quando seus
pais foram assassinados pelos talibãs. Trabalhava numa pizzaria e
enviava dinheiro à irmã mais nova que ficou no Afeganistão. Buscou
segurança no Reino Unido para estudar e dar um outro rumo à sua vida,
encontrando seu destino nas mãos de extremistas.
Não existe mais lugar seguro no planeta. O paraíso da
democracia fechou as portas para os imigrantes, inspirado pelo espírito
de Osama, com receio de que contaminassem seus reservatórios de água, o
bem mais escasso dos muçulmanos. O paraíso britânico se orgulhava de
seus guardas não portarem armas até o assassinato de Jean Charles, que
fugiu do inferno brasileiro para encontrar seu destino nas mãos de
policiais em delirium tremens.
Essa insegurança generalizada teve início no
atol de Mururoa, quando a França realizou testes atômicos. Imagine se o
berço da cultura vai explodir uma bomba na cara de quem quer que seja se
o termo bom burguês nasceu daquelas plagas.
Quem haveria de pensar que a antiga Mesopotâmia seria invadida
pelo moderno império romano contra-atacando pelos ares? Quem poderia
conceber que o Afeganistão fosse um reduto maligno a pôr as barbas do
Bem de molho? Quem poderia supor que a brigada muçulmana iria infligir
sérios danos no progresso vertiginoso da Espanha? Londres não sofria um
abalo tão grande desde Hitler e o mar de fogo que anunciou.
E ainda reclamam da insegurança no Brasil. A verdadeira
insegurança é a que precipita o êxodo dos jovens em busca desses
paraísos, por absoluta falta de colocação no mercado. Imaginando que lá
será melhor.
A frente terrorista muçulmana pleiteia um lugar ao sol nesse
mundo dark delineado pelas maiores potências. Nem que seja à
força.