VIRA-CASACA
08 de Agosto de 2005
O marketing no lugar do político para
elegê-lo em campanhas irresponsáveis e depois convencer o eleitorado com
a propaganda do governo que seus atos e atitudes não mancharam sua
reputação.
A versão é mais importante que os fatos, em que o erro pode
ser transformado em acerto.
Tamanha drenagem de recursos para publicidade a
transformou na principal agente corruptora do regime democrático,
superando as grandes empreiteiras, ao exorbitar nos preços e na
capacidade de gênios que douram a pílula do presidencialismo de
cooptação: o que partilha o Estado para estabilizar o poder, não
distinguindo a coisa pública do negócio privado, através de contratos
publicitários que financiam partidos políticos e molham a mão de gatunos
que não têm pejo de nos saquear com a mesma desfaçatez de um pivete que
nos alivia do celular.
A tal da governabilidade exigia que o tamanho da base
parlamentar do governo ficasse vinculado à distribuição de empresas
públicas para partidos políticos. Se o esquema já fazia parte da cultura
política, tem que apurar, conforme recomenda o criminalista FHC, para
que erros do passado não sirvam de desculpa para erros do presente.
A grande surpresa foi a pobreza doutrinária na ação
governamental petista, quando arrotavam que bastava um peteleco na tosca
arquitetura das relações socioeconômicas. Preferiram não hostilizar o
Parlamento e fizeram crescer seu braço fisiológico, obrigando o
presidente Lula a se refugiar nas suas origens, num disparate completo
por sua política econômica ter levado a classe dos banqueiros ao
paraíso.
A ponto de indignar o performático FHC, que reclamou do plágio
e do vira-casaca, buscando na profundidade a crítica: as pessoas devem
assumir uma posição na vida.