QUINTETO MÁGICO
10 de Outubro de 2005
A caminho do hexa, vivemos um dilema
gostoso que pode se tornar uma dor de cabeça, se não fora um expediente
do brasileiro de pensar sobre o que fazer na última hora. O otimismo
sempre encaixa sua opção no prazer da sorte e na fortuna da aventura.
Quadrado ou quinteto mágico? Quem excluir de uma lista de
Robinho Pedalada, Adriano o Imperador, Ronaldinho Gaúcho Melhor do
Mundo, Kaká Gracinha e o Fenômeno? Ganhamos o Caneco 70 com Pelé,
Tostão, Gérson, Rivelino, Jairzinho e Carlos Alberto, além de Paulo
César Caju na reserva, obrigando os adversários a se defenderem com o
maior número possível de homens.
Por outro lado, perdemos a Copa de 82 com Zico,
Falcão, Sócrates, Cerezo, Júnior e Éder, com um talento comparado ao
esquadrão de 70, se não fora a fragilidade do sistema defensivo diante
dos italianos que arrasou com a fama de Telê, considerado o maior
técnico de equipes feitas para dar show. Para não mencionar a derrota de
50 no Maracanã e as quatro seleções formadas para disputar a Copa de 66
e nenhuma ter conseguido entrar em campo para nos representar
condignamente.
A prova viva de que só se alcança as grandes conquistas depois
de pisar nos degraus dos fracassos retumbantes.
Contudo, não houve quinteto mágico que se ombreasse com o
melhor time do Brasil de todos os tempos. O de 1958, por jogarem juntos
Garrincha e Pelé, os dois maiores jogadores que o mundo já viu. Pelé
arrasou com País de Gales, França e Suécia, abusando dos gols de banho
de cuia, enquanto Garrincha deitava e rolava em cima dos joões. Se não
existem imagens do Garrincha ou você não nasceu a tempo, que procure a
máquina do tempo mais próxima de sua freguesia. O filósofo Sócrates não
pôs no papel suas idéias e filosofias e nem por isso deixou de ser
considerado como o maior pensador da História. A ponto de obrigar os
gregos a suicidarem-no, tamanho o seu saber que dispara invejas.
Por falar em inveja, o ouvido não é penico para o lero-lero de
Maradona agora que virou crente. Ufana-se de ser deus apenas por ter
ganho uma solitária Copa do Mundo, esconde o título de vice em 90 e mal
fala de 94, em que o abuso do coquetel de efedrina o fez perder o pódio
para Romário. Quando o conjunto da obra dos brasileiros supera qualquer
conquista da Argentina, ainda mais que a Copa de 78 foi conquistada em
casa pela ditadura, que subornou o Peru entre uma e outra avó da Plaza
de Mayo jogada do avião.
É melhor perder as estribeiras com o futebol do que com os
políticos. Ou será que eles pensam que o banditismo que grassa no país
não encontra reflexo nos eleitos para decidir nosso destino?