CHACINA
11 de Abril de 2005
Estava fadado a acontecer que um dia um
marginal em fuga iria atirar contra transeuntes para sustar a ação da
polícia. Evoluíram para fechar o comércio quando o tráfico é prejudicado
para mostrar quem manda na favela. A polícia militar se incorpora à
roda-viva e chacina os meninos de rua na Candelária e 21 integrantes da
comunidade de Vigário Geral. Agora os covardes escolheram o alvo mais fácil
para desafiar o poder do Estado: 30 cidadãos indefesos, sem distinguir
mulheres e crianças, em ruas carentes de proteção em Nova Iguaçu e
Queimados. Não atiraram a esmo, o requinte de duas balas certeiras para cada
um. Quem consegue distinguir os covardes?
O poder público, seja municipal, estadual ou federal, não
oferece condições mínimas de segurança para a população, já que,
para reduzir a criminalidade, Severino tem de parar de querer ser o
rei-sol à cabeça do Legislativo, César Maia não fazer campanha para
as eleições presidenciais às custas da saúde do carioca e o Lula não
dizer tudo que pensa. O Rio de Garotinho está absolutamente
desmoralizado pelos criminosos, pois não consegue controlar sua
própria tropa, que degola e ainda joga a cabeça no quartel.
Uma afronta à sociedade civil e à renovação do
poder em eleições democráticas, o Rio de Janeiro pôr à mesa dois
candidatos, nessas condições. Quando se pretende incluir no
plebiscito desse ano, para desarmar a população, a desfusão e
reversão da antiga capital à condição de cidade-estado.
Transformando-a num burgo com um cinturão protetor que restaurará
sua condição de Cidade Maravilhosa. Haja fantasia!
A identidade do Brasil, onde qualquer estrangeiro, passado
algum tempo, já é tratado como brasileiro, se encontra seriamente
abalada. Conseguimos a façanha de apagar os vestígios de nossas
origens, ao misturarmos cores, sabores e sangues, criando uma
sociedade multicultural e desarrumando idéias pré-concebidas. Para
agora esses bandidos pretenderem assassinar a nossa identidade em
nome de seus interesses tacanhos, executando uma equivocada partilha
inspirada no mau exemplo com que os verdadeiros donos do poder nos
brindam diariamente.
Apostam no triunfo do esquecimento.