VIÚVA
17 de Janeiro de 2005
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob
a língua afiada de duas correntes de opiniões que, por convenção, as
chamaremos de direita e esquerda, já que os políticos fizeram uma
lambança completa com ideologia e princípios.
A direita alega o despreparo de Lula para exercer uma função
tão importante, baseada num nível de instrução que comete erros de
concordância, dos quais o pior é comer os “s”. À boca pequena
comentam que pobre não pode governar rico, que líder sindical não
pode mandar em empresário, que retirante nordestino não pode ter
ascendência sobre paulista quatrocentão. Todos preocupados em
disfarçar a ignorância do preconceito, pois rebaixar alguém não
condiz com o nível de civilização alcançado.
- E se
governar com a cabeça de rico de modo a não ofender a elite?
Então era melhor que
tivesse se rendido aos interesses maiores para não criar falsas
expectativas.
- E por que Lula não fez
questão de estudar e se formar advogado como Vicentinho?
Para manter a aura de autenticidade que fez jus ao longo de
uma epopéia que o tornou um mito como Lech Walesa.
- O mito de ter sido um peão que os marqueteiros
transformaram em presidente, desde que abrisse mão de seu
discurso raivoso contra a burguesia e da arrogância
revolucionária contra os latifundiários.
Para alcançar o poder, deixando de ser o que foi.
A esquerda alega traição com uma política econômica em que
Malan e Palocci representam uma igualdade matemática em que Lula deu
o ponto final, bateu o pé que não volta atrás, pois o ex-homem de
mudanças não é dado a inventar.
- Muito menos em economia.
Deseja ver a nossa moeda mais fraca, o real desvalorizado
diante do dólar fortalecido, para que as exportações aumentem e
alavanquem o PIB, elevando o nível de emprego para ficar de bem com
a classe trabalhadora.
- Nada de diferente do que o Bush faz com o dólar em
relação ao euro.
O crescimento a qualquer preço, a ponto de sacrificar um
símbolo do país como a moeda, incorporando o pensamento primata dos
economistas de que negócios e lucro são motivo para guerra, faltando
escolher as armas. Patriotismo, se ainda houver, em último lugar.
- De um pragmatismo político somente superado por
perseguidos da ditadura militar que receberam pensões e indenizações
fora da realidade, sem precisar do benefício para viver. Todos
guardiões zelosos da correta aplicação dos impostos no social.
O meu primeiro, se a Viúva é useira e vezeira em traição.