DARWIN E OS
MUÇULMANOS
18 de Julho de 2005
Desde o século XV todo o Oriente Médio
estava sob o domínio do Império Turco Otomano, que se estendera do
Norte da África às portas de Viena. Depois de enfrentarem os
cruzados e dominarem Portugal e Espanha por 700 anos, os árabes
perderam o passo, se atrasaram e não acompanharam o trote da
civilização. Cidades e regiões formaram províncias autônomas com
governantes indicados pelo sultão turco, assim se perdeu por
completo a parca noção de país reconhecida nas tribos e clãs
muçulmanos. A dominação turca acabou por fortalecer o nacionalismo
árabe em busca de autonomia.
Antes precisaram se livrar da tutela do colonialismo, sobretudo
inglês, em torno do ouro negro. Ganharam coragem para retirar Israel
de suas terras na guerra do petróleo e não conseguiram. Ou as terras
pertencem ao reino de Israel graças ao profeta Moisés, que mandou o
Mar Vermelho abrir as pernas? Afinal, o povo judeu precisava
procriar, crescer e se espalhar numa diáspora sem fim, viver a sua
sina e lenda.
Tanto barulho
por religião, se a conquista de Darwin é universal. A seleção
natural é capaz de explicar uma enorme variedade de fenômenos
complexos. Não é uma teoria do acaso, ao contrário, nos permite
escapar ao fortuito, como se isso fosse possível com organismos tão
formidavelmente ambíguos quanto aqueles que vemos diante das barbas
de Maomé.
A seleção natural não opera cegamente; de geração em geração,
ela preserva os genes que apresentam vantagens e elimina aqueles que
acarretam prejuízos ao organismo, no sentido evolutivo.
Gradualmente. A beleza e grandiosidade de tal universo
auto-reparador só pode significar que há um projeto deliberado, um
desenho inteligente, à feição de Deus.
Menos para os cientistas em oposição a Deus. Admitir que a
vida foi criada por Deus implica na necessidade adicional de
explicar a existência desse ser, quando a seleção natural demonstra,
por si só, através da imensa gama de seres vivos existentes em
natureza igualmente complexa. Com ou sem um ser divino, a seleção
natural continuaria com o mesmo leitmotiv e capacidade para
operar a natureza.
Os genes são unidades auto-replicantes que transmutam uma
geração replicando de uma mente para outra como se fosse uma
melodia, um poema, desde que na promiscuidade da presença uns dos
outros, como se fosse um vírus no computador.
Pelas barbas do profeta! O vírus representa uma chuva de
meteoros que visa abater menos o computador e mais o cerne do
coração. De quem opera e interage com o computador, de frente. Em
silêncio. Ocupando uma parte substancial de sua alma. Principalmente
a parte onde a solidão se estabelece, demandando ser correspondida
com uma profusão de e-mails que mais parecem curtas-metragens
animados com mensagens que despertam interesse desusado. Além de:
piadas de gosto duvidoso, bombardeios políticos maniqueístas, aulas
de bom-mocismo, esoterismo a preço de atacado, correntes, cursos,
anúncios e ofertas, ofertas para dar e vender. E até mesmo crônicas.
Quanta esperança depositada na vontade de se relacionar no
plano etéreo. Em cérebros repartidos por crenças num nicho e ciência
noutro, premidos pelo sentimento de espanto e mistério diante do
universo que demanda conforto espiritual.
A espécie humana tem uma necessidade natural de religião,
enquanto a ciência não discute ética, não julga, não pondera.
Considera uma brincadeira de mau gosto o atual homem como pináculo
da evolução, pretendendo detoná-lo ao compará-lo com o primata logo
que conseguir resgatá-lo através da clonagem. Se Deus quiser.