BALÃO DE ENSAIO
18 de Julho de 2005
Um presidente eleito por 53 milhões de
pessoas nas mãos de Roberto Jefferson, que põe ministros para bater em
retirada, dirigentes de estatais para procurar sua turma, além de
acovardar parlamentares, colocando em xeque sua credibilidade.
Condiciona a imprensa a pendurar-se em suas pelancas. Fala com o dedo em
riste. Gargalha que nem uma hiena ao se refestelar com os restos de uma
República. Atrai o tapinha nas costas, pois que de Judas conhece de cor
e salteado. Até a juíza Denise Frossard desenrolou o tapete vermelho
para o mais novo paladino da moralidade.
O Brasil é pródigo. Carlos Lacerda, Jânio Quadros, a ditadura
militar. E Collor.
O eleitor que se julga mais esperto comenta que
o país precisava de um cafajeste para denunciar toda essa podridão, sem
medo de expor as entranhas das campanhas eleitorais e a compra de votos
no Congresso. Os 300 picaretas de Lula. O partido da boquinha de
Garotinho. O discurso contra o cinismo e as práticas fisiológicas de
quem foi líder da tropa de choque de Collor. Jamais invoca a condição de
patriota no teor de suas denúncias, na defesa da dignidade e da ética,
por soar hipócrita.
Acusa todo santo dia para fugir da condição de acusado.
Conhecedor do meio ambiente, não tem dúvidas de que basta investigar
para comprovar. Daí levantar suspeitas sobre boa parte da Câmara para
desafiar a autoridade de quem irá cassá-lo. Arrisca-se, ao manipular o
clamor público explorando o mote da corrupção, para conseguir a
absolvição com a popularidade alcançada.
Ao enlamear o país com sua própria lama, não tem o menor pudor
em recuar quando passa da conta. Goza com a nossa cara, brincando de
cantor lírico soltando balões de ensaio. Para ver como repercutem as
verdades extraídas de suas experiências pelos labirintos do poder. Adora
provocar o caráter másculo do Congresso para obrigá-los a
reverenciarem-no diante do calibre de ameaças de quem conhece os
bastidores daquele teatro como a palma da mão. O Marquês de Sade em
pessoa!
Ele é também mágico, pois fez sumir da boca de cena José
Dirceu. Bem como os quatro milhões do cofre do PTB. Contudo, não é homem
de matar a cobra e não mostrar o pau. Vai dar com a língua nos dentes.
Doa a quem doer. Não pensa em afinar, apenas em suas linhas. O
tête-à-tête
na acareação com o Zé é tudo que deseja. A cara feia apenas o arrola
como mais um manipulador da mídia, pondo de quatro seus admiradores e
adeptos da lei de levar vantagem em tudo.
Os que acreditam em Roberto Jefferson querem se dar bem.