COM MUITA SEDE AO POTE
19 de Dezembro de 2005
A ordem é eletrocutar quem se sentar no
trono das CPI’s, até que o presidente Lula não tenha a menor condição de
pensar em disputar a reeleição. Não haverá trégua ou arrefecimento da
crise, as CPI’s foram prorrogadas para o massacre não deixar na saudade
o desejo de sangue. Lula já estava prevenido no início do mandato para a
cobrança em cima de sua porção operária, mas o PT superou todas as
expectativas com crimes, desvios e mentiras que solaparam o panorama
político. Não há como deter investigações e punições, como o lixo de
Ribeirão Preto.
Já vai longe o impeachment de Collor que traumatizou de tal
forma o país que o Congresso achou de bom tom não investigar a ação
nefasta dos empreiteiros no caixa 2 da campanha e nos domínios do
Executivo, para não falar do tráfico e consumo de drogas nos desvãos dos
labirintos palacianos. Se foram varridos para baixo do tapete os podres
das privatizações das telefônicas e da venda da Vale do Rio Doce, como
duvidar da honestidade de FHC, um homem de bem com a vida?
O horizonte agora é de genocídio evoluindo para
antropofagia política. O ouro de Cuba, o tráfico de influência no
auxílio-futuro para os parentes de Lula, o DVD pirata no cineminha do
Planalto, a insinuação de cafetinagem nos gastos pessoais do presidente,
a exposição das partes íntimas do PT para o onanismo da oposição, só
falta descobrirem um filho bastardo no exterior. Uma troca de tiros sem
limites, a testar a maturidade de nossa democracia e a medir forças com
o todo-poderoso mercado.
A conseqüência funesta pode ser um acerto de contas entre os
tucanos montados nos pefelistas e os petistas feridos de morte, mas que
deram uma demonstração de sua vitalidade nas últimas eleições internas.
Estão todos vivendo a embriaguez da vingança, esquecidos dos dias de
amanhã. O PT está pagando caro o papel de vestal, quando encarnava a
figura impoluta da ética que perseguia os alienados da direita e os
traidores da esquerda.
Se for para reproduzir uma Guerra dos Farrapos,
que nasça um novo Brasil. Os tucanos saíram de cima do muro e acham
inevitável uma batalha sangrenta no curso das eleições, enquanto o PT
perdeu o exclusivismo da marca da ética e ficou sem ter o que para
colocar no lugar. Que falso dilema! Se a política econômica dos petistas
copiou a dos tucanos com maior eficiência. Se os partidos políticos
foram baseados em ideologias que estão perdendo substância, precisam se
transformar, ou então virarão massa da mesma manobra - imprestável.
Nem bem se passaram quatro anos e as próximas
eleições afiguram um outro reinado tucano ou um Lula reeleito governando
das trincheiras, desconfiado de todo e qualquer aliado. O espaço aéreo
está aberto para as vivandeiras do moralismo, que adoram subir numa
vassoura e espanar corrupção. A grande vantagem é que o novo presidente
eleito não poderá vir vacinado contra CPI’s, o governo Lula acabou com a
virgindade, não existe cidadão acima de qualquer suspeita. “Do bem” é
uma expressão que não mais se aplica a quem colocar os pés no Palácio do
Planalto. Caiu por terra o “nós somos pobres, mas é tudo limpinho”. A
aprofundação nas investigações policiais do Congresso pautará o futuro
do Poder Executivo, a merecer que se quebre todo e qualquer sigilo à
menor suspeita de corrupção. Não adiantarão a fidalguia embromatória de
Palocci e o sorriso de bem-sucedido de FHC, a guilhotina não fez
distinção entre Danton e Robespierre.