SEVERINO
21 de Fevereiro de 2005
O Brasil está nas mãos de Pernambuco, com
Lula e, agora, Severino na presidência da Câmara, o mais forte
aliado da bancada ruralista e de entidades empresariais como as
Confederações da Indústria, da Agricultura e Pecuária e do Comércio,
que se reuniram numa frente contra o excessivo peso da atual carga
tributária. Como porta-voz, a atriz Beatriz Segall, em oposição a
Paloma Duarte pelo PT e Regina Duarte na coluna do meio.
Uma derrota vergonhosa para o governo Lula que indicou um
candidato com padrão ético que não combina com o baixo clero do
Congresso, cuja obsessão é aumentar subsídios e vantagens
financeiras para os parlamentares. Promove uma verdadeira romaria de
prefeitos e cabos eleitorais pernambucanos que se hospedam em seu
apartamento, dormindo em colchões. Prega férias de 90 dias e
prorrogação dos mandatos. Perfeitamente atualizado com a dinâmica
dos partidos, confundiu Lula com Dutra, nostálgico de suas origens
na UDN.
Ninguém merece uma oposição com a cara do Severino, de partido
malufista. A pretexto de antecipar as eleições de 2006 e se opor ao
carisma de Lula, partiram para a avacalhação. Sendo infiéis
partidariamente, não fecharam acordos, votaram nominalmente, através
de cédulas, e arrastaram o escrutínio por 14 horas. Por pura
desconfiança de seus pares, que não confiam nem na informática que
os elege em todo o Brasil.
Os deputados não decidem com frieza e maturidade, parecem
torcedores de futebol que se vingam de seus desafetos com corinhos
de envergonhar a mulher do padre. São capazes de quebrar a bacia
colocando a meia em pé. Quem está na chuva é para se molhar, os
tucanos tão ciosos com os negócios de São Paulo vão ter que rebolar
com a mesa da Câmara escalada ao sabor da culinária nordestina. Com
Inocêncio de cozinheiro-mor. Tirando um sarro da inocência de
Virgilio em direção ao buraco negro quando saiu da órbita do PT.
É por essas e outras que a palavra governo está associada a uma
mão lava a outra; o Estado, a dinossauro de esquerda; democracia, a
uma terra de ninguém; utopia, a um avoado que prefere gozar depois;
revolução, a sair na porrada na primeira esquina com quem ousar
olhar enviesado; militância, ao pensamento políticamente correto com
aulas em horário integral e dever para casa; socialismo, a dividir
seus pertences e bens com os ladrões.
Enredado na traição de princípios, o PT procurou o suicídio ao
dar um tiro nos dois pés. A surpresa foi do tamanho da boca da
Daniela Cicarelli. O mutismo da modelo deu lugar à sua voz
desagradável que inunda a telinha da TV em campanhas publicitárias.
Virou uma outra pessoa, à semelhança dos artistas do cinema mudo
quando transitaram para o cinema falado.
Só falta Severino virar marca de cerveja.