GETÚLIO VARGAS
22 de Agosto de 2005
A genealogia do poder de Getúlio Vargas
que formou um conjunto de idéias, valores e crenças.
Getúlio Vargas foi deputado federal e Ministro da Fazenda de
Washington Luís, até ser eleito presidente do Rio Grande do Sul em 1926.
Na primeira eleição em que não se respeitou a vontade das urnas, Vargas
foi investido no poder em 1930, ao quebrar o círculo vicioso das fraudes
nas eleições, a tônica da República Velha. Foi o primeiro presidente da
República reeleito em eleição indireta através do Congresso, em 1934.
Foi o primeiro presidente que se tornou ditador, em 1937. Apesar de
deposto na onda da redemocratização, concluída a 2ª Guerra Mundial, sua
declaração de voto no Dutra, em 1945, foi decisiva para derrotar o
brigadeiro Eduardo Gomes. Foi o primeiro ditador deposto que se
reelegeu, em 1950, com um pé nas costas, sem gastar a sola do sapato em
campanha eleitoral, uma verdadeira aclamação. Desmentindo os expert em
política que afirmam ser desgastante 20 anos seguidos no poder para
qualquer político, por mais importante que seja. Em 1954, suicida-se,
para evitar ser apeado do poder novamente e permanecer indelével na
memória da História do Brasil.
Independentemente do que a ideologia alinha
racionalmente como de direita ou esquerda, tornou-se o supremo exemplo
da raposa política cuja essência é não ter amigos nem inimigos, não
perdoar, mas esquecer. Fluir por entre as correntes e marés políticas
requer frieza, não conversar muito com Deus e manter a vida a salvo de
desilusões. Getúlio era assim.
No entanto, suicídio passa longe da realidade de qualquer
político brasileiro. Não somos japoneses com vocação para haraquiri.
Mas Getúlio nunca descreu de sua caminhada e de suas motivações
porque governava com as mãos limpas - assim acreditava. Até estendê-las
ao espelho mais próximo e vê-las respingando de lama - assim enxergava
Lacerda. O mesmo mar de lama que Lacerda manipulava com um apurado senso
de inteligência que aguçava sua visão para torná-lo presidente da
República, nem que fosse à frente de uma ditadura militar. Morreu com
essa frustração.
A crise política que culminou com o suicídio do presidente
Vargas, comparada com a atual, revela uma evolução na maturidade
política de eleitores e eleitos, distantes do tempo em que Pelé disse
que brasileiro não sabia votar. Por mais grave que seja a promiscuidade
entre os interesses públicos e a ganância privada; a iniciativa
empresarial defender a livre concorrência e mamar nas tetas do Estado.
O país continua a ser passado a limpo depois de suplantarmos as
torturas de uma ditadura militar e impicharmos Collor, que prestou um
desserviço aos conservadores que pretendiam dotar o país de uma boa
infra-estrutura para posteriormente vendê-lo. Agora é a vez de Lula, que
traiu a esquerda ao aperfeiçoar a política econômica empreendida pelos
tucanos, arrochando onde não tiveram coragem. O compromisso primeiro é
com quem dá aval a quem tomou emprestado do povo o direito de gerir a
riqueza nacional. Nas mãos de quem?
Para melhorar tem que piorar primeiro.