CASAS DE CONFORTO
24 de Outubro de 2005
Passados 60 anos da rendição às Forças
Aliadas, o Japão reluta em admitir oficialmente o uso da escravidão
sexual na Segunda Guerra Mundial e a negociar qualquer forma de
compensação financeira. As que sobreviveram tiveram que se esconder da
sociedade como párias, reclusas e solitárias, vítimas do preconceito e
da vergonha de suas próprias famílias. Muitas fugiram de casa para
tentar reconstruir a vida, outras enlouqueceram. Mesmo idosas, ainda têm
pesadelos todas as noites com as violências sexuais.
Mais de 200 mil mulheres da China, Coréia e Filipinas foram
obrigadas pelo Exército Imperial japonês a trabalhar nas chamadas “casas
de conforto”, criadas exclusivamente para os militares nos países
invadidos. Recrutadas na base da baioneta, a escravidão virou uma sombra
que as perseguiu pelo resto da vida. Poucas conseguiram se casar, quando
muito com parentes que mais se apiedavam de sua situação que
propriamente as amavam.
Em matéria de gueixa, o japonês entende. Não
havia uniformes, mas as regras das casas de conforto incluíam horário de
funcionamento, duração de cada visita, uso de preservativos - que eram
lavados para uso posterior -, exame de doenças venéreas e, naturalmente,
preços.
O bordel como paradigma da guerra. A humilhação infligida ao
perdedor quando degradaram a célula mater
da família, tornando os futuros filhos malditos. Transformar a mulher
numa puta contra a vontade é uma tortura com grau de requinte
equivalente a jogar uma bomba atômica no seio da sociedade oriental.