BRASIL GEMINIANO
25 de aAbril de 2005
Somente fazendo a leitura da carta
astrológica da nação onde Allan Kardec mais se tornou conhecido. O
signo é Gêmeos: fala um bocado, espirituoso, imprevisível, mutante.
Interessa-se por diversos assuntos, mas não almeja adquirir
conhecimento especializado, pois há muito que aprender e, se
mergulhar nas profundezas, deixa passar outras oportunidades. Nunca
se encontra o brasileiro onde você o deixou, se distraem com
facilidade, ao fascínio se segue o fastio, nada dura para ele, ora é
uma coisa, ora é outra, capaz de ter distintas personalidades e
fazer várias coisas ao mesmo tempo, excetuado aquelas por obrigação.
O ascendente é Aquário: de um idealismo que se choca com sua
realidade. Impaciente, quer ver o ideal tomar forma imediatamente,
fazendo o que bem entende, tendo resposta para tudo, quando ele não
conhece nem a si próprio... tudo são apenas idéias. Viajantes,
simplesmente se desligam e entram em outra sintonia, se
transformando em figuras exóticas com seu espírito de busca
insaciável.
Érico
Veríssimo assim definiu Getúlio Vargas: “É um homem calmo numa terra
de esquentados. Um disciplinado numa terra de indisciplinados. Um
prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de
esbanjadores. Um silencioso numa terra de papagaio”. Com
conhecimento de causa, à frente do Brasil por três décadas.
O mulato inzoneiro do meu Brasil brasileiro, no bamboleio
que faz gingar na terra de Nosso Senhor. Tira a mãe preta do
cerrado, pelos salões arrastando o seu vestido rendado, na terra boa
e gostosa da moreninha sestrosa. Esse coqueiro que dá coco, estas
fontes murmurantes, onde a lua vem brincar, a terra de samba e
pandeiro - a aquarela do Brasil trigueiro.
Do Brasil cordial de Sergio Buarque de Hollanda ao Brasil
de Genoino e Dirceu na luta armada contra a ditadura. Os militares,
sob o peso da maldição do presidente Figueiredo para que o
esquecessem, enquanto a rememória das torturas não estanca. A
esquerda unida jamais será vencida, sob o peso de dividir para não
reinar. Postos a nocaute pelo Brasil do cabra da peste Severino.
O Brasil em estado vegetativo de Diogo Mainardi, que
despreza a cultura popular e as nossas tradições, à frente o
Carnaval. Baseado numa sociedade falimentar que dá esmola ao pobre.
Não foi por outra que o comunismo não se criou, a verdadeira
revolução é ganhar dinheiro. Quanto mais, melhor. Se não o pagassem
para escrever, passaria o dia todo na frente da televisão. Zapeando
falcatruas até morrer de tédio com o Brasil no qual ele nunca
acreditou.