CANGACEIROS
27 de Junho de 2005
Se fosse nordestino diriam que é
preconceito. Jefferson decidiu por sair atirando quando inserido no
flagrante dos Correios como mandante. A ser julgado por uma mixaria
de 3 mil reais, é preferível declarar que perdeu a chave do cofre
esfumaçando 4 milhões na campanha eleitoral para prefeitos. Perdeu o
instinto de sobrevivência que, no político, alcança as raias da
megalomania. Aceitou imolar-se, desde que leve junto para o inferno
Zé Dirceu. Cabendo duvidar de sua sanidade mental, conforme aventou
o psiquiatra Severino. Pois se virou cantor lírico, amante do
“Fantasma da Ópera”, a nos brindar com sua voz maviosa em Te
voglio tanto benne: vai cantar bem assim nas praias de Cabo
Frio!
Como dizia Brizola, quem tem couro de jacaré, olho de jacaré e
boca de jacaré, é jacaré.
Como tudo está
perdido mesmo, renuncia antes da cassação e se reelege como o
paladino da lavagem de honra e autor da maior crise moral vivida
pela República, desde que deletaram PC Farias e sua amásia. Em sendo
ele um dos causídicos mais brilhantes que o Mal já produziu no
Brasil para botar no Congresso, a fim de testar nossa consciência
política, considera como favas contadas o enfrentamento com o
Ministério Público, Polícia e Receita Federal, acostumado a pugnas
piores no convívio diário com o sórdido ambiente de delegacias e
presídios - um advogado de porta de cadeia que venceu na vida.
Jacta-se do exemplo de Collor, a quem defendeu em 103 processos e
conseguiu inocentá-lo em todos.
Todo partido político tem o seu homem da mala, expressão
roubada ao futebol para comprar juiz. Imagine a troca de tecnologia
entre PC Farias e o cangaceiro da tropa de choque do Collor, regada
a uísque 60 anos. Que inocência do Zé Dirceu, formado em luta
armada, achar que o passarinho ia comer em suas mãos. Que desídia do
comandante recalcado com o fato do governo Lula não ser seu. Como
tamanha inteligência não previu que tesoureiros falam por suas ações
de pagar e receber, de comprar e vender? E, em sendo do PT, destrói
um patrimônio moral construído com requintes de ourives, reconhecido
até por qualquer garotinho da oposição. A eminência parda é o maior
responsável pela debacle nas hostes petistas, numa luta sem
fronteiras com os adversários em que mesclava autoritarismo e
malandragem. Tirando Lula da posição de surdo para fazê-lo entrar na
realidade e interromper seu namoro com o mito.
Mas, por favor, deixem o povo fora dessa briga. Decidam entre
vocês, façam o seu jogo!