PATIFARIAS E TRAMÓIAS
31 de Janeiro de 2005
O marido não honrar a pensão alimentícia e
presentear o filho com relógio de grife e com spa a filha gordota.
A empresa encher a burra e não pagar dividendos aos acionistas,
a título de poupar para primeiro crescer o bolo e depois reparti-lo.
O ex-síndico vingar-se dos condôminos por não
ter sido eleito para um novo mandato e abusar do atraso no pagamento
do condomínio no mês, em virtude da multa compensar.
O pai, preocupado em dividir a herança em vida, prejudicar o
filho que não honrou o compromisso de lhe deixar netos.
A esposa não avisar do falecimento de sua mãe ao ex-marido, em
virtude da sogrona sempre ter manifestado admiração pelo genro.
A mãe se valer de periódicas facadas no filho bem-sucedido, a
pretexto de que o resultado se deve à criação.
Anunciar estrepitosamente um superávit de R$ 91 milhões nas
contas do Estado em 2004, como indicação de que houve uma boa gestão
dos serviços públicos, e atrair fornecedores brandindo faturas às
portas do Palácio Guanabara, a reclamar de atrasos no pagamento de
prestação de serviços. Pior é haver um economista de plantão para
ensinar aos leigos que isso não significa recursos de fato
disponíveis no Tesouro, pois o dinheiro já se escafedeu para saldar
obrigações financeiras surgidas ao alvorecer de 2005..
Criar o instituto da reeleição para 1998, em pleno primeiro
mandato de FHC, para tucanos e caterva não correrem o risco de ver
subir ao pódio o desestabilizador Lula... e agora reclamarem que ele
não governa, só faz campanha. E o presidente Lula nem se importar
com a perfídia, pois apenas cumpre as regras do jogo quando se
declara como o maior vendedor de otimismo já visto neste país,
congratulando-se com o momento histórico e singular de credibilidade
internacional e auto-estima da população.
Chamemos o primeiro grupo de patifarias, porque indefensáveis.
Quanto ao segundo, o bloco político, de tramóias, como decorrência
natural por representar a sociedade, o instinto para sobreviver na
política, enquanto não aprendemos a cortar o mal pela raiz.
O nosso destino à sensaboria de patifarias e tramóias, o
destino de peixinhos ao sabor do bico de gaivotas, no mesmo
movimento de rotação. Será?