CAÇA ÀS BRUXAS
03 de Julho de 2006
Bussunda abandonar o barco antes do tempo
foi um mau presságio. Se não puder falar mal no inferno da derrota, que
resta ao torcedor? Quem quiser se abrigar em seu espírito maternal e na
blindagem do politicamente correto, que faça bom proveito.
Que história é essa de transformar em jogo de compadres a
disputa com os franceses em virtude da maioria ser companheiro de clube
europeu? Esqueceram de avisar o elegante e magro Zidane, que está se
despedindo do futebol em alto nível. Ao contrário de Ronaldo, que teve a
audácia de querer se recuperar de sua obesidade em plena Copa. Isso é
chamar o técnico de burro. E a nós, torcedores. Ficar atarracado, perder
o pescoço, crescer nas mamas, é troço que qualquer artista de cinema e
TV tira de letra. A sobrevivência fala mais alto. Mas a seleção
brasileira está com a vida ganha; nós, os órfãos, é que não.
O técnico não podia se deixar levar pelo
prestígio de jogadores como Cafu - que se acha imortal. Melhores que ele
ainda são o capitão do tri, Carlos Alberto, e o bicampeão em 58 e 62,
Djalma Santos, que acabou de casar aos 77 anos. Parreira injustiçou
Robinho e Cicinho por receio em substituir e não dar certo, por pavor em
mexer no time e por medo de perder. O teimoso não é como o Felipão que
usou todos os 21 jogadores na Copa de 2002, surpreendendo a Turquia com
a arrancada espetacular do reserva e gordo Luisão no 2º gol.
Onde já se viu o tecnológico Parreira treinar a seleção todos
os dias em um campo reduzido e com os jogadores fora da posição? Peladas
e mais peladas em vez de esquema tático para aprender a se livrar das
ciladas de outros técnicos. Descansado na auto-suficiência de não ver
limitações no seu time, bastaria apenas fazê-lo jogar sem a bola. Não
havia plano B nem C, Parreira fracassou ao não conseguir trazer o
futebol jogado pelas estrelas na Europa para a seleção. À espera de um
milagre que não aconteceu.
O esquema tático de Parreira falhou por onde não soube encerrar
a carreira de Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo, os mesmos que não
participaram do quadrado mágico que venceu brilhantemente a Copa das
Confederações. Por onde apagou o brilho do astro Ronaldinho Gaúcho,
propagado em dezenas de anúncios e outdoors. Por respeitar o currículo
do Kaká do Milan em detrimento de Robinho, reserva no Real Madrid. Por
jogadores se comportarem como robôs perante a ditadura do técnico. Já
vai longe a geração de 58, que abriu caminho para mostrar ao mundo a
magia de nosso futebol, quando impôs Pelé e Garrincha ao gordo Feola.
Como todo técnico, não enxergou o óbvio.
Não há outra coisa a fazer senão enterrar esse timinho. O
primeiro a comer capim pela raiz é Roberto Carlos, ainda mais depois de
mandar a torcida que o apupava calar a boca. Favoritismo, onde? Já foi
para a cloaca.