GAMAÇÃO, O ESTILO
04 de Setembro de 2006
Quando a mulher está gamada, ela baba por
seu queridinho. Fixa o olhar no cara e não desgruda, não olha pro lado
nem pra ninguém. Protege-o, cerca-o de todas as atenções, que nem uma
galinha choca. Acha tudo que ele diz maravilhoso. Emburrece em nome de
uma boa causa. Sua estupidez não lhe deixa ver que no mundo não há mais
lugar para quem toma decisões sem pensar.
Guia-se pela intuição que dá fluidez aos sonhos. Deixa os
homens loucos, fiéis e infiéis. Querendo uma mulher assim mesmo. Que
sirva ao senhor dos tempos e dos anéis, preparada com requinte numa
escola de gueixas, a ponto de realizar fantasias que destoam do estado
puro de inocência que caracteriza a gamação.
Quando o homem está gamado, ele apenas se
derrete através do olhar. Mas a cumula de carinho, sacia todas as suas
vontades, estraga-a com seus mimos, submete-se a uma gincana para
atender o desejo impossível. Capaz de amar no plural sendo possessiva, a
síntese do amor másculo, um princípio que lança às chamas. Quando é
poderoso, estende as garras de suas boas ações à família da eleita. Faz
questão de se exibir em público com os dedos entrelaçados aos dela.
Suplanta o maior tabu que o homem enfrenta na cama: dormir agarradinho.
A mulher não acredita quando o homem assinala que não faz sexo
e sim amor. Pensa que é cascata, trapaça típica de quem enrola para
arrancar uma entrega e dedicação a que não corresponderá. Tá gozando na
cara dela se ele optar pelo sexo com envolvimento e a perspectiva sadia
de que executado nos padrões que a escola do hedonismo exige. Doente é o
homem que coleciona prostitutas ao não mais encontrar o prazer que sua
mente demanda na esposa ou companheira.
A maior prova de gamação que o homem pode oferecer à mulher é
não esmorecer no seu desejo, renovado na procura constante que o faz
bater no peito: “ninguém vai te amar como eu!”. Quanto à mulher, a
fidelidade na bandeja, a ponto de sentir tédio quando um desavisado
bafeja uma proposta de amor que, no mínimo, mereceria uma reflexão
maior.