DENUNCISMO
06 de Fevereiro de 2006
Denuncismo é a denúncia a torto e a
direito sem se preocupar se tudo o que está se dizendo é verdadeiro.
Busca a intriga a qualquer preço e as maledicências da intimidade do
perseguido em questão. Quem não se lembra dos dossiês do ACM formados a
partir de recortes de matérias de jornais? Da jornada de Carlos Lacerda
contra Getúlio Vargas e, recentemente, do petismo contra a política
econômica de FHC. Hoje, tudo virou casa da mãe joana. Dólares de Cuba,
pasta rosa, valerioduto financiando orgias de deputados, dossiê Cayman,
Zé Dirceu dividindo quarto com Waldomiro, o Lula apregoar que depois da
primeira mentira as subseqüentes viram vacas nos pastos da bancada
ruralista que considera terroristas os invasores do MST.
Quando terrorismo é os Estados Unidos invadirem o Iraque e os
sunitas, com seus contragolpes violentos e denodados, servirem de
exemplo aos excluídos do mundo inteiro para reagirem na mesma moeda.
Propiciando a palavra de ordem no planeta on-line: Uni-vos!
Foi o que bastou para estimular facções xiitas
do tráfico sem comando organizado que arrebanha e vicia adolescentes
para tacarem fogo, sem o mínimo sentimento de culpa, em passageiros de
ônibus nas vizinhanças do Quitungo - mais uma favela do Rio a marcar
presença no rumo da tomada da bastilha em que a cidade se transformou
com seus muros e grades.
Mas o denuncista prefere as entranhas do poder público para
derrubá-lo e pô-lo nas mãos de seus prepostos, pouco se importando com o
pânico que campeia no país face ao estado de insegurança generalizado.
No entanto, o denuncista pode ocupar o lugar do Bem ao se transformar em
informante a serviço da democracia quando as denúncias se confirmam ao
espelharem a realidade suja, prestando um serviço ao aprimoramento das
instituições.
Porém, pode encarnar o Mal quando veicula notícias faltando uma
perna, sem o olho e malcheirosas apenas para confirmar suas teses. Viram
uma catarse para cuspir marimbondo, pisar na barata e chutar ratazanas
que pululam nos podres poderes, se igualando a seus inimigos ao se
tornar perverso carrasco que reproduz os seus piores instintos ao acusar
indiscriminadamente os políticos em nome de uma ética que não consegue
exercer nem em família. Pois senão seria esquizofrênico, já que pratica
todo santo dia a arte de ser tão mau-caráter, chafurdando-se no
chiqueiro das chicanas jurídicas que respaldam as mentiras eleitorais,
para diplomar-se na gênese da ciência política e sair apregoando que “se
eu fosse presidente, no primeiro dia do meu mandato, eu..."