OS MICOS DO CARNAVAL
06 de Março de 2006
Martinho da Vila se asilou no
carnaval de Recife, cercado de frevos e maracatus, por ter sido
convidado a disputar o samba-enredo de sua escola querida e não levar a
melhor. Pois a Vila Isabel conquistou um campeonato acirradíssimo,
decidido justamente no quesito samba-enredo. O autor de “Devagar,
Devagarinho” não gosta de privilegiar a empolgação, o padrão em sambas
de escola.
A Unidos da Tijuca vem revolucionando o
carnaval do Rio, mas alguns jurados repetem o exemplo do jogador
Sócrates, que dormiu durante o desfile. O pior cego é o que não quer
ver. Não enxergar criatividade nas alegorias e adereços nem beleza nas
fantasias, não se aperceber de correria desenfreada em escolas que
estouraram o tempo, só podem estar fazendo piada sem graça com harmonia.
Carlinhos Brown exigiu de Gilberto Gil o fim do apartheid entre
pobres e ricos no carnaval baiano com a eliminação das cordas que
protegem os foliões do bloco que pagaram R$ 750,00 pelo abadá. Para
evitar cenas de violência, há que educar o ano todo e não apenas durante
o carnaval. Mas caiu em si e se arrependeu de joelhos: “Gilberto Gil é
alimento, é justiça. Quero que saiba, meu mestre, o quanto te amo e te
respeito. Ó meu pai, misericórdia, pequei senhor, misericórdia".