DINAMARCA, A CHARGE
13 de Fevereiro de 2006
Não se pode explorar Maomé em charges ou sátiras.
Não se pode fazer alusão à poligamia no islamismo.
Não se pode abolir a burka de sua ideologia, o véu é a
fronteira entre Ocidente e Oriente.
Não se pode falar mal de casamentos arranjados.
Não há porque contestar a democracia incipiente em países
árabes.
Paranóia pura pensar que a Índia abandonou
o controle da natalidade para se juntar aos muçulmanos e povoarem o
mundo com sua cultura. Um desafio flagrante contra os cristãos broxas.
Só porque os cristãos não levam mais a
religião ao pé da letra e deixaram de acreditar na superioridade de sua
fé, não é preciso estripar ou empalar o ateu.
O mundo ficou globalizado demais para se atear fogo nele, mas
falta oportunidade de emprego nos poços de petróleo árabes, enquanto a
Europa fecha as portas para a imigração ordenada por Alá.
Nem Napoleão teria a idéia de declarar guerra à Dinamarca. Se
já houve algo de podre, os nórdicos transformaram em conserva e os
turistas apreciam bastante. Do espírito viking, o único caráter ainda
remanescente é o amor livre, muito usado para tirar dúvidas entre
frieza, frigidez e frieira.
Depois de Osama bin Laden e o 11 de setembro, está em curso
a demonização dos muçulmanos. A aura de vítimas das perseguições não se
encaixa mais nos judeus, pois quem mal consegue se movimentar nos guetos
são os palestinos. Se consideram marcados como alvo do próximo
Holocausto. Chocados com o culto à liberdade da expressão em contraste
com o desrespeito à sua religião.
A charge, como arte, jamais foi um gênero de humor leve.
Ninguém gosta de se ver retratado despido de disfarces. Revela o felino
que habita o macaco de quem descendemos.