Muito suspeito no dia seguinte à invasão e depredação da Câmara por uma falange guerrilheira dos sem-terra, a CPI dos sanguessugas ser criada. Despertando, num passe de mágica, a vontade do Congresso de se reaproximar da sociedade. Preocupado com o crescente desgaste de sua imagem, pode abrir um precedente para iniciativas do gênero como, por exemplo, os idosos terceirizarem seus filhos e netos para invadirem postos de saúde e os obrigarem a atendê-los em tempo integral. Ou se organizar barricadas para evitar que políticos subam as favelas em busca de votos.

Muito suspeito desvincular Lula da imagem de líder dos sem-terra depois desse ato de vandalismo que contribuirá para perdurar a longevidade do latifúndio improdutivo. Parece confissão de marido quando trai sua mulher e justifica-se: “eu não sou mais quem você amou”.

O quebra-quebra foi um ato desrespeitoso às instituições democráticas. Também reflexo da perda de credibilidade que os parlamentares vêm acumulando. Mas também pudera, Lula promete a reforma agrária e vem de Palocci na economia, priorizando o pagamento da dívida externa. Ele não é o Alckmin, que irá fazer a reforma agrária com ordem e progresso.

Se Jesus precisou chicotear os camelôs que infestavam os templos religiosos, é muito suspeito o ser político precisar ser tangido para sair do lugar e agir no interesse comum. Não foi à toa que a cruz se transformou de instrumento de pena de morte em pesada cruz que temos de carregar enquanto os poncios pilatos lavam as mãos depois de as sujarem com a perda da fé.