A IRRITAÇÃO DO PRÍNCIPE
20 de Fevereiro de 2006
FHC esticou seu mandato
inventando a reeleição para reinar por mais tempo e tirar da cabeça do
teimoso Lula a mania de ser presidente.
O tiro saiu pela culatra. FHC corre o risco
de ver Lula reeleito. Mas o que deixou o príncipe irritado foram os
institutos de pesquisa aconselharem-no a se calar sob pena de favorecer
seu desafeto. Impedir o pavão de abrir a cauda para mostrar o colorido
das penas equivale a uma sentença de morte. Doutor que é, deveria ter a
sabedoria de Sarney e se tornar imortal.
Não adianta tirar proveito das inconveniências de Lula. Fazer
piada com camelo na África não incomoda 85% do eleitorado de até cinco
salários mínimos. Bateram pesado no “homem”, acusando-o de bebum, de não
ler um livro sequer e de ser o último a saber o que se passa nos
corredores palacianos, extrapolando o julgamento de político para
pessoal.
O governo Lula diminuiu um quarto da dívida externa - de 114
para 84 bilhões de dólares -, além de quitar antecipadamente seu débito
com o FMI e o Clube de Paris. Conseguiu uma façanha num terreno no qual
os tucanos ditavam cátedra: a economia. Restou ao FHC como mote o
mensalão, o desvio na ética para comprar o poder. Um câncer, se
comparado com o nódulo no seio do governo Collor.
Aos tucanos nunca lhe apeteceram candidatos carismáticos,
por associarem a demagogia. Contudo, explorar ética em campanha
eleitoral, depois que o PT a violentou no poder, é apelar para os mais
baixos instintos.