Uma
decisão democrática da cúpula dos tucanos demoveu Serra de seus propósitos ao
entronizar Alckmin, contrariando as pesquisas que não o indicam como o melhor
candidato.
O medo de
perder bisando o Serra traria como conseqüência uma humilhação para as hostes
tucanas, notadamente em São Paulo. Principalmente depois de tanta argüição,
depoimentos de presidiários, doleiros, motoristas, dona de bordel, o fim do
mundo na CPI... até esbarrar no silêncio de Duda.
Num regime
parlamentarista, Palocci já teria caído, afinal de contas, no governo de um
trabalhador, a palavra de um caseiro vale tanto quanto a de um ministro, se não
fora a política econômica tão nos conformes de seus algozes. Por que Lula não
foi submetido ao impeachment ao se fazer de surdo para o mensalão? “Mas como
demitir um presidente-operário?”, reconheceu o sociólogo FHC. O medo de
enfrentar o povão, que veria nessa disputa discriminação e preconceito contra o
retirante que chegou ao poder. Ainda mais que quem o demitiria seria a Câmara
dos Deputados - fazendo as vezes de patrão do Lula -, desmoralizada por ficar
cheia de dedos em cassar o emprego de seus pares.
Portanto,
se é para perder, o melhor é que seja com Alckmin, que cresceu à sombra de Mario
Covas e não se importa em ser associado a chuchu por sua falta de graça. Se
ganhar, a oposição fica no lucro, ainda mais que traíras conseguiram afastar a
candidatura independente de Serra, que se tornou menos confiável ideologicamente
que o próprio Lula.
Para quem
tinha como favas contadas faturar as eleições com base no escândalo do mensalão,
ver Lula recuperar sua popularidade e seu governo aprovado em todas as classes
sociais realmente é caso para suicídio. Assim sendo, só resta explorar a CPI dos
Bingos e derrubar Palocci para tentar deter a disparada de Lula nas pesquisas. A
raça dos anti-Lula perdeu completamente as estribeiras, virou xiita e colocou
uma pulga atrás da orelha: há que se moralizar a nossa democracia, mesmo à custa
de atear fogo à estabilidade econômica que situação e oposição defendem.