VÊ SE TE ENXERGA
23 de Janeiro de 2006
Vê se te enxerga encerra, basicamente, a
questão de quem é superior e inferior ao medirem os olhares. Quando você
se afasta de alguém pensando tratar-se de um pedinte e ele apenas queria
saber onde fica tal rua. Quando alguém se apresenta diante de você
parecendo um vendedor e se trata de uma paquera. Quando, numa festa,
você confunde convidado com garçom. Quando adota a linguagem machista
usualmente empregada no barbeiro por achar que é a única que ele
entende. Quando a celebridade se julga acima das filas e contas de
restaurantes.
Se fingir de malandro numa roda de samba e todos se aperceberem
de que você é um babaca. Querer demonstrar que está por dentro de todos
os assuntos e ficar na superficialidade. O homem se acreditar como
garanhão. Criança se julgar gênio. Coroa malhada se considerar
adolescente. Valer-se do Viagra para extrapolar na sacanagem.
Quando você toma de liberdades e começa a
ensinar coisa que não deve para uma criança que não é seu filho diante
da irritação dos pais. Quando a mulher é esnobada por um cara e logo
conclui que ele só pode ser gay. Quando o homem externa sua decepção com
o fato de uma mulher tão bonita ser lésbica.
Quando você se acerca de uma mulher e ela não dá corda, não
corresponde e você pensa que ela não o deseja, não o quer, rejeita-o. É
porque ela não se acha à sua altura, mas não explica. E ambos vão embora
sozinhos e infelizes.