PRETENSÃO E ÁGUA BENTA
24 de Abril de 2006
O porquê de Lula, seu governo e o PT
estarem sendo tratados com tanto ódio, já que dentre seus acusadores
existem alguns que não se recomendaria às melhores famílias. Já formaram
fila para defender Collor, Maluf, Pita, ajudaram a engavetar ou se
livraram de CPI’s utilizando artifícios condenáveis.
O caso é que o PT conseguiu vender ao longo de seu percurso,
até para a oposição, a imagem de que não rouba. A moralidade pública sem
oscilar de acordo com os interesses eleitos para a nação. Além de Lula
asseverar que em seu governo não iria haver corrupção. Brotou um quê de
admiração por um grupo xiita ter se transformado num partido de grandes
proporções que alcançou o poder com moral de Confúcio, para alterar a
essência dos costumes que alicerçam a tradição, família e propriedade,
prevalecentes no Brasil. Agora, sem a ameaça do comunismo. Viria para
acabar com o passado corrupto da política brasileira. Com o estereótipo
de que todo mafioso foge para o Brasil porque aqui é o paraíso dos
ladrões. Com a gênese da corrupção inseminada pelos portugueses no
Brasil-colônia, com a política de terra arrasada ao devastar o
pau-brasil.
O que abalou o Mercado, uma entidade que se
regula pelos bons negócios. Deixando apavorada a classe política que já
governou e pretende governar a respeito do porvir da prática política e
do modus operandi para roubar nos contratos publicitários,
exaltando as quinhentas, mil ou dez mil obras do governo.
E malandro que é malandro não gosta de ser enganado. Não é,
malandragem? Foi usando esse termo de baixo calão em considerando a
importância da casa legislativa, que Roberto Jefferson, defronte a Zé
Dirceu, não admitiu dançar sozinho.
Portanto, faz sentido a comemoração efusiva no término da CPI
dos Correios quando foi sacramentada a existência do mensalão. Gerou um
alívio em vítimas da fúria denuncista dos petistas no passado. Se fossem
encomendar uma vingança não teria saído melhor, graças ao espírito de
preservação furibundo do PT. Ainda mais que já consideravam a guerra
perdida para a política econômica de Palocci, mais neoliberal, ortodoxa
e eficiente do que a dos tucanos. Ficaram de pernas bambas com a
cara-de-pau do governo Lula de roubar seu modelo econômico e diminuir o
risco para o gringo investir no país.
Para quem não se preparou para gerir o Fome Zero, foi uma autêntica
rasteira na raposice de figurinhas carimbadas da oposição. Não esperavam
tamanha desfaçatez e ousadia em investir Henrique Meirelles - eleito
pelos tucanos em Goiás e ex-presidente do Banco de Boston - como
verdadeiro gestor da economia, tamanha a sua independência. É de
estarrecer o jogo de cintura com que Lula deu uma volta nos experts
em economia e fechou a porta na cara da esquerda.
Um presidente que engana a direita e trai a esquerda é
merecedor de vingança, no entender de agripinos que cospem marimbondos.
Irão até as últimas conseqüências para impichar Lula, se reeleito for.
Até lá, guardam um trunfo na manga: o filho de Lula, que fez sociedade
com a Telemar numa empresa de conteúdo para celular sem colocar um único
real.
Se incontinência verbal não tira voto de Lula, que rei sou eu?
Deixa estar, que o rico e feliz FHC formulou uma tese a respeito, digna
de seus melhores dias como sociólogo:
- São os pobres que, quando chegam lá em cima, correm o risco
de virar outra coisa. Você tem que se cuidar muito, se for pobre na
origem. É um perigo deslumbrar-se com a mudança social conquistada com a
chegada ao poder porque, sem querer, o sujeito começa a fazer coisas que
nunca imaginou na vida.
O professor ensina que o mais importante é não mudar o seu
jeito de ser.
O poder destrói, quando elegemos para construir.