COM UM PEZINHO NO
IRAQUE
24 de Julho de 2006
Mesmo vivendo no país dos absurdos, a
gente não se acostuma. A turma não dá sossego. No primeiro ato, o
mensalão. No segundo, os sanguessugas. No terceiro, os advogados a soldo
do tráfico de drogas em São Paulo para garantir informações
privilegiadas indispensáveis às ações terroristas dentro e fora dos
presídios. Peças importantes na onda de assassinatos de agentes da lei e
de ataques contra o patrimônio público e privado com o objetivo de
impedir a transferência de líderes do crime organizado para
penitenciárias de segurança máxima. Com seu preparo acadêmico, sabem
tirar proveito das falhas do sistema legal e penitenciário. São
competentes no que almejam alcançar: a riqueza fácil.
Ao gozarem do privilégio de não serem submetidos a revista na
entrada dos presídios, quando hoje o cidadão comum é palmeado nos
aeroportos e posto em dúvida ao entrar em bancos, os advogados assistem
a cúpula atrás da grade no recrutamento de endividados com o tráfico,
que têm suas condenações à morte perdoadas em troca do assassinato de
agentes penitenciários. O que não impede os doutores de acender uma vela
para Deus e outra para o diabo ao entregarem esses mesmos nomes à
polícia como responsáveis pela matança.
Considerando-se que a população carcerária de
São Paulo ultrapassa 150 mil pessoas, é um negócio em franca ascensão e
de infinitas possibilidades. Colocando a sociedade em xeque se compensa
sustentar uma malta que vai de Marcola a Suzane von Richthofen em
presídios construídos especialmente para eles, desviando da educação
recursos necessários para evitar que jovens trilhem a senda do crime. Ou
continuar a tratá-los como animais acumulados em depósitos de presos e
lidar com uma reação inspirada nos atentados que ocorrem diariamente no
Iraque.
“O mundo não precisa de um salvador”, afirma Lois Lane, cansada
de esperar pelo retorno de Superman.