O CHICO É NOSSO
22 de Janeiro de 2007
Chico Buarque de Holanda é coisa nossa que
não se vende ao mercado pop que decide o que quer quando se trata de
imagem. Aparecem-lhe as primeiras rugas, mas ele continua lindo como o
Rio de Janeiro que exalta no “Carioca”. Um modelo de coerência, a
política e as artes que o digam, ainda mais quando ele invoca o mestre
maior: Oscar Niemeyer - um imortal que não precisou passar pela Academia
Brasileira de Letras.
Chico agora é desinibido porque deixou correr em suas veias o
poeta no encalço do escritor, silenciando ouvidos carentes das músicas
de maior apelo popular. Quem te viu quem te vê, Chico. Agora é sem
compromisso. Um recital que seduz almas inquietas que buscam inspiração
e redescobrem em si, graças ao nosso Chico.
Parece sofisticado, mas não é, tamanho o insulto
de hermético que lançam sobre a poesia. Mas o Chico Buarque é simples,
de um tamanho que a ditadura militar não enxergou. Dá vontade de
colocá-lo nos braços segundo suas fãs que o amam. Mas como, se é tão
maduro para vasculhar a alma feminina e não transparecer um sinal de
afirmação? O que por si só justifica essa fidelidade, geração pós
geração.
Perpassa no “Carioca” de Chico as ondas de Tom
Jobim que invadem nossa praia com arranjos e harmonia à feição. Chico é
conservador porque mantém a tradição e, na contradição, está presente no
futuro porque nos leva a passear em mares nunca dantes navegados.
Ele nos faz bater palmas, com vontade, em obediência ao refrão
de sua própria letra, e nos transporta para o estádio de futebol no
delírio do clube de nosso coração: Chico Buarque de Holanda.
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