ANIMAIS À SOLTA
12 de Fevereiro de 2007
“Todos os animais são iguais mas alguns
animais são mais iguais que os outros”, de George Orwell, no seu livro
“A revolução dos bichos”. Cai como uma luva na barbárie que atinge não
só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil - e não é de ontem. Enquanto o
Poder Legislativo e Judiciário discutem o sexo dos anjos e claudicam na
tomada de decisões coercitivas com receio de que a população não
assimile a mudança do status de povo cordial para povo em alerta geral.
Arrastar por sete quilômetros uma criança de 6 anos que não
conseguiu se desvencilhar do cinto de segurança do carro roubado de sua
mãe, ficando dependurado do lado de fora, com sua irmã correndo atrás
para salvá-lo, sob o alarido de pessoas alertando, afora um motoqueiro
que teve sua calça manchada de sangue pelo “boneco de Judas”, assim
cognominado pelo bandido de 16 anos, enquanto o motorista assassino
serpenteava o carro para se livrar daquele corpo incômodo, de olho no
produto ridículo do furto, os animais em fuga querem é voltar para a
casa dos pais... que nunca sabem o que os filhos pensam.
Esses espécimes da raça humana não perdoam os
pais por terem nascido em berço miserável que os obriga a ralar que nem
uns condenados, para que viver, então? É bola ou búrica, matar ou
morrer. Não lhes passa pela cabeça passear no inferno de carro roubado
ou um dia sofrer o martírio de João Hélio Fernandes.