NÃO EXISTIU UM GOVERNANTE COMO DOM PEDRO II
08 de Maio
de 2007
Os historiadores
tucanos devem estar muito irritados com o segundo mandato de Lula em que o povo
ignorou o mensalão e a oposição ficou sem bandeira.
Descobriram agora que um
membro da família real portuguesa foi o maior governante que tivemos até hoje. O
maior democrata do Brasil foi um monarca, no nível do Juscelino; custa lembrar
que Brasília não foi construída por escravos. Dom Pedro II, o modelo, simpático
às reformas como Jango; mas como, se a Bolívia aboliu a escravatura em 1831?
Ficou no poder 58 anos e conseguiu ser tão minucioso quanto Jânio em seis meses,
apesar do ócio que rege a aristocracia. Um escritor prolífico como FHC, que
escreve para defender seus dois mandatos e vender seu saber para conferências no
exterior. E, finalmente, sintonizado com o povo como Lula; quando nunca se viu o
imperador abraçado a um escravo e liderar uma escalada pela alfabetização. Se
ainda fosse seu pai, que não recusava sequer beijos de negrinhas, desde que ao
abrigo do recato da alcova, ainda vá lá.
Dom Pedro II nasceu
brasileiro, recebendo o Brasil de mão beijada aos 14 anos, bem orientado por
tutores sob a batuta de José Bonifácio. Para que ir com sede ao pote se o cargo
era vitalício? Tratou-nos com muita fidalguia, não meteu os pés pelas mãos,
pudera, não possuía o perfil sexual de Dom Pedro I, que disporia das benesses do
poder e gastaria a rodo com suas amantes. Mas não há como compará-lo com os
nossos deputados, que dobram seus salários e disputam cargos públicos com o
senso de direção de ratazanas. O mandato de quatro anos os torna voluptuosos.
Considerar que a
imprensa nunca foi tão livre como em seu reinado, por conta de algumas charges
realmente hilárias, e o respeito às eleições, como se fosse representativo da
voz do povo uma sociedade monarca e escravocrata, só pode transparecer um
profundo desgosto com as cores de nossa democracia. Liberdade de provocar
saudades foi a dos anos juscelinistas e janguistas, a ponto de provocar o golpe
de 1964. Eleições dignas de registro, em matéria de garantir a vontade do
eleitor, foram as de Collor e Lula de 2006, diametralmente opostos em termos de
conteúdo político.
Dom Pedro II só se
manteve no poder porque prolongou a escravidão até onde não mais pôde. Quando
atingiu os interesses da elite econômica e política libertando os escravos,
mandaram-no para o exílio. Se o Barão de Mauá já havia causado mal estar ao
imperador ao passar-lhe a pá para a primeira cavucada de terra que iniciaria a
construção da primeira estrada de ferro em território brasileiro. Trabalho
braçal era coisa de escravo na terra. Patrão e empregado seria um desafio para a
república. Imperador com ideais republicanos não combina, assim como a linguagem
professoral de FHC não conversa com a linguagem sindical menos escolarizada de
Lula.
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