HABEMUS PAPA NO BRASIL
14 de Maio
de 2007
Uma Igreja
Apostólica Romana celibatária a legislar sobre a moral do sexo e do
relacionamento, invocando a castidade, o espírito de sacrifício, a renúncia.
Enquanto os fiéis, acusados de vida dissoluta, se debatem em meio ao proibido e
condenável: infidelidade, camisinha e aborto, à procura da utopia do amor
perfeito. Tudo e todos girando em torno de controlar o instinto sexual, que
Freud realçou nas suas incursões sobre a libido, sem atinar que despertou um
ente poderoso cuja única função é pôr a pulga atrás da orelha de quem está
quietinho no seu canto. Pode originar surtos de pedofilia ou na prática de
ficar, própria de garotas de programa, segundo prelados que enxergam longe: a
educação sexual é uma cortina de fumaça para evitar a concepção e ensinar
técnicas de prazer.
Quando ficar é paquerar, flertar,
encurtar as distâncias a fim de chegar nos carinhos com alguém que você de
princípio gosta, trocando beijos, porque beijar é bom e relaxa. Se deriva para
beijar garotos em série, ou beijos longos e apaixonados, é a experimentação que
estarrece. Sem que necessariamente haja amor, próprio de uma fase de vida, até
como forma de se exibir perante os coleguinhas, com o propósito de mostrar o
poder de sua capacidade de atração ou então, não se sentir jogado fora. Se
inicia na erotização sem idade precisa para se manifestar, se desenvolve nos
agarrões e pega-pegas, até alcançar o estágio da busca pelo afeto. O que não
quer dizer que não possa ter uma recaída, quando constata que o namoro virou uma
prisão. Daí a necessidade de camisinha para evitar um intruso nessa confusão dos
diabos ou disseminar doenças que transparecem um gosto de pecado.
Mas os homens não
engravidam e a bomba estoura no útero da mulher, que tem de decidir o que fazer
do seu destino. Se não transa sem camisinha para evitar o dilema, ou se arrisca
a vida num aborto clandestino porque não tem dinheiro.
A sede de Deus, maior
ainda nesse momento, não combina com excomunhão, exílio ou degredo, da mesma
família inquisitória. A personalidade humana está presente desde o primeiro
momento em que a concepção abre as portas e confere valor à vida e à sua beleza
intrínseca. Matar uma criança não é compatível com o amor que a gerou. Se fugaz
o amor que se esvaiu na noite, não é possível dar um passo atrás, o mal já está
feito. Para virar o bem, esse é o ser ou não ser, eis a questão.
Quem dera que o papa morasse no Brasil
para traduzir em miúdos a moral e ética que norteia a nossa horrenda
distribuição de renda e açoitar, a exemplo de Jesus Cristo, políticos,
empresários, magistrados e policiais corruptos. Para tirar a impressão de que o
mundo não foi feito para os dois terços da humanidade que vive abaixo da linha
da pobreza e sobreviveu ao aborto.
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