O RACISMO DISSIMULADO
29 de Maio de
2007
Ora, viva! De tanto
martelarem cidadania e direitos humanos no quengo de
reacionários, evoluímos de uma postura racista de negar
a raça negra para aceitarmos que somos um povo
miscigenado. Quanta gozação a respeito do socialismo
moreno, a mostrar com o dedo indicador roçando na pele
mulata o DNA do negro - imagem-ícone da intolerância
racial genuinamente nacional. É uma moeda de troca,
esses doutos senhores e senhoras descobriram que não
existe racismo no Brasil e agora valorizam a mestiçagem,
somos antes um mosaico de combinações fantásticas do que
um país de cor. Despertados pela desigualdade social
quando o Bolsa-Família ganhou as eleições, o oportunismo
fala mais alto e abandonaram o sorriso de FHC que ditava
cátedra com uma sociologia que adaptou às conveniências
do poder. Antes tarde do que ver o país dividido entre
negros e brancos, com o orgulho racial sobrepujando
gente neutra e anódina.
Pregam uma sociedade
em que o governo não se imiscua na identidade e na vida
privada das pessoas, no qual as políticas sociais devem
atacar as causas da pobreza e dos desníveis sociais em
detrimento de uma cidadania definida em função da cor da
pele, a ser determinada pelo movimento social, partido
político ou burocrata de plantão. A política de cotas. A
estatização de raças com perfil estimulador de ideais e
reações racistas. A questão racial aprisiona e imobiliza
a intrínseca condição humana em que nos encarnamos.
Apesar da biologia e da genética mostrarem que não há
raças humanas, o conceito perdura para separar e
discriminar grupos sociais em função da cor.
Não se pode punir os
brancos de hoje pelos escravocratas de outrora, mas daí
a dizer que não há preconceito e discriminação racial no
Brasil, nem nos Estados Unidos, que venceram o
apartheid, afirmaram os direitos universais dos negros
pela educação, trabalho e saúde e nem por isso, o ódio
gratuito foi ultrapassado - embora o império da lei
vergue esses dissimulados que só enxergam sua raça, a
raça superior de continuar por cima e o resto a cheirar
a sola de seu sapato.
O resgate da dívida
social que a humanidade tem para com os negros sob a lei
da chibata, do navio negreiro, do pelourinho, baixar a
cabeça para não encarar o senhor-de-engenho. Forçaram as
negras a ceder suas vaginas para branquelas nojentos
vindos da corte se refestelarem no prazer quando e como
queriam, adoçando a boca de escravas com um destino
melhor, concedendo-lhes um pingo de esperma para terem
filhos livres, embora mulatos. E assim construímos uma
nação com base no estupro coletivo e o caráter de toma
lá, dá cá.