PÚSTULA PERVERSORA
05 de Junho de
2007
A Polícia Federal
conquistou um respeito e credibilidade impensáveis no
país do mensalão. Mas bastou tirar a liberdade de
elementos do Poder Judiciário para chover juristas
acusando riscos institucionais: “desprestigiar a Justiça
é rasgar a Constituição e deixar os cidadãos ao arbítrio
do aparelho do Estado; a banalização da prisão
preventiva é um retrocesso, com que freqüência insolente
se decreta prisões de pessoas não condenadas!”
A concessão de liminares e
venda de sentenças é que se tornou banalidade. O
Judiciário que prende é o mesmo que solta. Mas como, se
as prisões foram efetuadas por ordens judiciais de
instâncias superiores da Justiça? Em bom paulistês, eles
não estão se entendendo. Não adianta a Polícia Federal
prender os meliantes e, no dia seguinte, a patota estar
na rua rindo da nossa cara de palhaço, a tramar
obstruções ao curso do processo e não ser julgado nunca
como Maluf.
O sentimento é de incômodo
e mal-estar porque raposas do Executivo, Legislativo e,
agora, do Judiciário, estão sendo todas grampeadas com a
mão na botija. Reações de ratazanas privilegiadas, não
só o baixo clero, habituadas à corrupção e à certeza da
impunidade.
Roubar e ficar fora do
alcance da lei. Dá para o velhaco pensar e vibrar com
sua mente brilhante, o gênio da esperteza, no objetivo
maior de transformar os outros naquilo que já é: pústula
perversora.
Mas justiça seja feita,
saem bem nas fotos e vídeos de operações deflagradas
pela PF. O seu caráter aparece por inteiro nos grampos
telefônicos. Daí o clamor indignado de cabeças
privilegiadas da nossa República por tamanha invasão à
privacidade e sovietização do Estado, afinal de contas,
qual a importância de ganhar uma gravata de presente
para apressar a liberação de uma verba?